O estudo, conduzido por especialistas nos Estados Unidos, foi publicado na última quinta-feira, 4, na revista Science Advances
Uma pesquisa revelou que o vínculo entre humanos e cães é mais antigo do que se pensava, remontando a pelo menos 12 mil anos nas Américas — cerca de 2 mil anos antes do que registros anteriores indicavam. O estudo, conduzido por especialistas nos Estados Unidos, foi publicado na última quinta-feira, 4, na revista Science Advances.
Com base em fósseis encontrados no Alasca, a pesquisa trouxe novos dados sobre como os povos indígenas interagiam com os primeiros cães e lobos.
"Pessoas como eu, que se interessam pelo povoamento das Américas, estão muito interessadas em saber se aqueles primeiros americanos vieram com cães", afirmou François Lanoë, principal autor do estudo e professor assistente na Universidade do Arizona.
De acordo com o portal Galileu, dois fósseis foram analisados: um osso da perna de um canino adulto, datado de cerca de 12 mil anos, encontrado no sítio arqueológico Swan Point em 2018, e uma mandíbula de 8,1 mil anos, descoberta em Hollembaek Hill, no Alasca, em 2023. Ambos os locais estão no Vale Tanana, onde arqueólogos têm trabalhado desde a década de 1930, em parceria com comunidades indígenas da região.
O conselho Healy Lake Village Council, que representa o povo indígena Mendas Cha'ag, autorizou o teste genético dos fósseis. Evelynn Combs, representante do grupo, destacou a importância histórica desses companheiros.
“Eu sei que ao longo da história, esses relacionamentos [entre cães e humanos] sempre estiveram presentes. Eu realmente amo que possamos olhar para o registro e ver que, milhares de anos atrás, tínhamos nossos companheiros", disse ela.
Os resultados da pesquisa indicam que o canino de Swan Point foi alimentado com salmão pelos humanos, algo incomum para os cães da época, que se alimentavam quase exclusivamente de animais terrestres. "Essa é a prova cabal porque eles não estão atrás de salmão na natureza", explicou Ben Potter, arqueólogo e coautor do estudo.
Os pesquisadores acreditam que esse fóssil representa um dos primeiros registros de convivência próxima entre humanos e caninos nas Américas.
Embora esses animais possam não ser geneticamente relacionados aos cães modernos, seu comportamento — como comer alimentos fornecidos por humanos — sugere uma relação semelhante à de cães domesticados.
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