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Notícias / Catacumbas de Paris

Desvendando os segredos dos corpos enterrados nas catacumbas de Paris

Arqueólogos e cientistas desenterram a história da saúde e da vida em Paris através da análise dos esqueletos nas catacumbas

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 22/10/2024, às 18h30

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Pesquisadores examinam ossos de parisienses em Les Catacombes - Reprodução/Universidade de Versalhes Saint Quentin en Yvelines
Pesquisadores examinam ossos de parisienses em Les Catacombes - Reprodução/Universidade de Versalhes Saint Quentin en Yvelines

Escondidos nas profundezas de Paris, em uma rede de túneis que se estende por 300 quilômetros, repousam os restos mortais de cerca de 6 milhões de pessoas. As 'Catacumbas de Paris', um dos maiores ossários do mundo, são o objeto de um estudo inédito que promete revolucionar nossa compreensão da história da saúde e da vida na capital francesa.

Uma equipe internacional de cientistas, liderada por Philippe Charlier, passou a analisar os esqueletos de de parisienses que foram transferidos para as catacumbas no final do século 18 e início do 19. "Por mais surpreendente que possa parecer, nunca houve qualquer estudo científico sério sobre as catacumbas", afirmou Charlier ao 'The Guardian'.

"Nossa pesquisa está olhando 1.000 anos de história da saúde pública em Paris e seus subúrbios, da medicina e da cirurgia e as doenças que as pessoas sofreram", explicou o cientista.

Em 1788, uma operação para remover milhões de corpos enterrados foi realizada. Eles foram, então, desenterrados e carregados em carros de bois percorrendo a cidade.

Em 1810, Louis-Étienne Héricard de Thury, inspetor-geral de pedreiras, afirmou que todos deveriam mostrar respeito pelos ossos dispostos em paredes decorativas.

Ele transformou o local em um lugar que poderia ser visitado, não só pelos turistas, mas como uma espécie de gabinete filosófico com inscrições gravadas", disse Charlier.

Entretanto, por trás das fachadas, os ossos estavam largados como escombros. Já hoje em dia, pedreiros contratados estão ajustando uma parte da Haia que desabou.

Estudo

Após o episódio, a equipe de cientistas ganhou a oportunidade de estudar o local. O estudo, além de observar as amputações, trepanações, autópsias e embalsamamentos aos quais os mortos foram submetidos, também conta com paleopatologia, que determina doenças e infecções parasitárias que os mortos sofreram.

Através da análise dos ossos, os pesquisadores buscam desvendar os mistérios da saúde pública em Paris há mil anos. Doenças como raquitismo, sífilis e lepra, que deixam marcas nos ossos, estão sendo identificadas. Além disso, a extração de DNA permitirá identificar agentes infecciosos, como a peste, que matam rapidamente e deixam poucas marcas nos ossos.

"Podemos também ver, por exemplo, se a sífilis que matou alguém no século 19 é a igual à sífilis de hoje ou se o agente infeccioso da doença micro evoluiu", disse Charlier.

A pesquisa também permitirá determinar a idade dos ossos e traçar uma estimativa mais precisa do número de corpos nas catacumbas. O cientista acredita que o número pode ser ainda maior do que os 6 milhões estimados.

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