Venda da Mineração Taboca para empresa estatal chinesa gera debates sobre segurança nacional e impactos ambientais na Amazônia
A aquisição da Mineração Taboca, detentora da maior reserva de urânio do Brasil, pela empresa estatal chinesa China Nonferrous Trade Co. Ltd. gerou uma intensa discussão sobre os impactos da transação para a segurança nacional e o meio ambiente brasileiro. A venda, avaliada em US$ 340 milhões (R$ 2 bilhões), foi concretizada na última terça-feira, 26.
Localizada na Vila Balbina, a 300 quilômetros de Manaus, a mina de Pitinga, pertencente à Mineração Taboca, é conhecida por sua produção de estanho e por abrigar uma das maiores reservas de urânio do país. O elemento químico, utilizado como combustível para a geração de energia nuclear, levanta preocupações sobre o potencial uso estratégico do minério.
A decisão da Mineração Taboca de transferir 100% das suas ações para a empresa chinesa foi justificada: "Este novo momento é estratégico e constitui uma oportunidade de crescimento para a Mineração Taboca, pois permitirá que ela tenha acesso a novas tecnologias para se tornar mais competitiva e ampliar sua visão e capacidade produtiva", afirmou a empresa em nota.
A China Nonferrous Mining Co., por sua vez, é uma das maiores empresas estatais produtoras de cobre do mundo e possui uma vasta experiência no setor de mineração.
Segundo o G1, a venda da mina gerou grande repercussão no cenário político brasileiro. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) questionou a transação em plenário, levantando suspeitas sobre favorecimento ao governo chinês e negligência com relação aos impactos ambientais e sociais da atividade minerária na região amazônica.
O senador criticou a aparente contradição entre as restrições impostas a projetos nacionais e a facilidade com que a empresa chinesa adquiriu a mina de urânio.Valério argumentou que a região de Presidente Figueiredo, onde se localiza a mina, é conhecida por suas belezas naturais e pelo turismo, e que a exploração de urânio poderia causar danos irreversíveis ao meio ambiente.
"Estamos lá impedidos, com cadeados ambientais que nos escravizam e que nos prendem. Sempre esbarramos na ministra Marina Silva, a serviço das ONGs, e, de repente, os chineses compram a maior mina de urânio do Brasil. Vão beneficiar urânio no Amazonas, perto de Manaus, no município de Presidente Figueiredo, que vive do turismo, que vive das suas 160 e poucas cachoeiras, e ninguém fala nada", disse o senador em discurso.