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Notícias / Arqueologia

Auditório grego de 2 mil anos é descoberto em Agrigento, na Sicília

Descoberta reforça o papel de destaque da cidade não apenas como um centro religioso e cívico, mas também como polo educacional

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 14/04/2025, às 17h20

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Ruínas de auditório em Agrigento - Thomas Lappi – Monika Trümper / Freie Universität Berlin, Instituto de Arqueologia Clássica
Ruínas de auditório em Agrigento - Thomas Lappi – Monika Trümper / Freie Universität Berlin, Instituto de Arqueologia Clássica

Arqueólogos de um conglomerado internacional descobriram um antigo auditório grego surpreendentemente bem preservado na cidade de Agrigento, na Sicília. A descoberta foi divulgada pela Archaeology News.

A estrutura, datada do século 2 a.C., veio à tona durante escavações realizadas entre fevereiro e abril de 2025, lideradas pela professora Monika Trümper e pelo Dr. Thomas Lappi, da Universidade Livre de Berlim, em parceria com o Politécnico de Bari e o Parque Arqueológico do Vale dos Templos de Agrigento. O projeto foi financiado pela Fundação Alemã de Pesquisa (DFG).

A descoberta reforça o papel de destaque de Agrigento — conhecida na Antiguidade como Akragas — não apenas como um centro religioso e cívico, mas também como polo educacional do mundo grego antigo. 

Sobre Agrigento

Fundada por colonos de Gela e Rodes por volta de 580 a.C., a cidade se tornou uma das mais importantes colônias gregas na Sicília e é famosa por seu impressionante conjunto de templos clássicos.

Templo grego em Agrigento, Sicília - Berthold Werner

No centro da nova escavação está um auditório semicircular coberto, com oito fileiras de assentos em degraus e capacidade para cerca de 200 pessoas.

Considerada uma das estruturas mais antigas do tipo, a sala antecede construções semelhantes no mundo grego em cerca de 300 anos — como o auditório do ginásio de Pérgamo, que data apenas do século 1 d.C.

Esse auditório fazia parte de um extenso complexo de ginásio, que incluía também uma pista de corrida de 200 metros, uma piscina e uma palestra — pátio ao ar livre destinado ao treinamento esportivo — distribuídos em dois terraços. 

Em uma das áreas adjacentes, os arqueólogos encontraram um salão retangular com bancos ao longo das paredes, provavelmente usado para aulas, debates, apresentações públicas e competições intelectuais.

Dois blocos de calcário com inscrições em grego antigo, encontrados na área da orquestra do auditório, lançam luz sobre a organização social da época. 

Com destaque em pigmento vermelho, as inscrições mencionam o gymnasiarchos (diretor do ginásio) e registram uma reforma no telhado do apodyterion (vestiário), financiada por um cidadão local. A obra foi dedicada a Hermes e Héracles, divindades tradicionalmente associadas aos ginásios.

Perdido no tempo

Apesar da longa ocupação de Agrigento por mais de mil anos, registros escritos da vida cotidiana são raros. Por isso, as inscrições são consideradas extremamente valiosas para a compreensão da dinâmica social durante o período de transição entre o domínio grego e o romano.

Embora ginásios fossem comuns na Grécia Antiga, o de Agrigento se destaca por seu tamanho, estado de conservação e soluções arquitetônicas inovadoras. 

A área já havia sido parcialmente escavada na década de 1950, mas apenas recentemente, com o uso de levantamentos geofísicos e novas análises, foi possível revelar a real dimensão do complexo.

Desde o início do atual projeto, em 2020, a equipe já identificou o púlpito, salas adicionais e telhas com a inscrição "ΓΥΜ", uma abreviação da palavra grega para ginásio — confirmando a função educacional e atlética do espaço.

A próxima etapa da pesquisa está prevista para 2026. Os arqueólogos esperam encontrar novas áreas dedicadas à formação intelectual e física, além de mais inscrições que possam revelar detalhes inéditos sobre a vida cotidiana, a cultura e a organização social dos antigos habitantes de Akragas.