Na foto desta reportagem, bebês sozinhos nos assentos de um avião. A imagem é perturbadora, e nem é preciso saber a história completa. Essas crianças, vietnamitas do sul, tinham passagem só de ida para os Estados Unidos, onde seriam adotadas por famílias locais. Poderiam, também, pegar mais um voo para outro país ocidental onde fossem recebidas.
Em abril de 1975, quando a foto foi tirada, os norte-vietnamitas estavam às portas de Saigon, capital do Vietnã do Sul, capitalista e aliado dos Estados Unidos – que haviam desistido da guerra. A intervenção militar havia se encerrado dois anos antes, com os Acordos de Paris. Norte e sul-vietnamitas desrespeitaram os acordos, os EUA ignoraram e a conclusão foi a conquista do sul pelo lado comunista.
A Operação Babylift (“transporte de bebês”) foi uma iniciativa do presidente americano Gerald Ford para resgatar os “órfãos” de Saigon. Mas muitas crianças que tinham pais vivos foram contrabandeadas (o que no primeiro momento pareceu cruel se mostrou alívio depois: o governo do norte se mostraria implacável com os colaboradores dos americanos).
Após um acidente com um transporte militar, em 4 de abril, que matou 78 crianças, o empresário americano Robert Macauley interveio e alugou um Boeing 747 da PanAm para levar 300 delas aos EUA. É esse voo da imagem acima.
A operação acabou em 26 de abril, com a ocupação do aeroporto Tan Son Nhat pelas forças norte-vietnamitas. Quatro dias depois, o Vietnã do Sul deixaria de existir. Hoje, com o Vietnã buscando um capitalismo à chinesa e se reaproximando do Ocidente, as crianças da Operação Babylift contam com a ajuda da ONG Operation Reunite para tentar encontrar seus parentes ou até pais no Vietnã, por meio de testes de DNA.