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Desventuras / Mar Negro

Relembre o impressionante 'cemitério de navios' do Mar Negro

Descoberta se deu no ano de 2016, quando marinheiros e cientistas mapeavam o fundo do mar com sonares e veículos operados remotamente

por Giovanna Gomes
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Publicado em 22/06/2024, às 09h00

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Modelo fotogramétrico de um navio otomano encontrado no Mar Negro - Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz
Modelo fotogramétrico de um navio otomano encontrado no Mar Negro - Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz

Enquanto realizava pesquisas no Mar Negro em busca de pistas acerca da resposta dos humanos pré-históricos diante do aumento do nível do mar, uma equipe internacional composta por marinheiros e cientistas encontrou 41 naufrágios excepcionalmente bem-preservados, datados do século 9 ao 19.

A descoberta foi divulgada no ano de 2016. Durante o estudo, os profissionais — de origem britânica, americana e búlgara — mapeavam o fundo do mar com sonares e veículos operados remotamente (ROVs).

Eles estudavam um período de cerca de 12 mil anos atrás, quando o Mar Negro se expandiu significativamente, evento que contribuiu para a preservação dos impressionantes naufrágios.

"Quando a última era glacial terminou, há cerca de 12 mil anos, o Mar Negro era um lago", disse Jon Adams, investigador principal do projeto e diretor do Centro de Arqueologia Marítima da Universidade de Southampton, segundo a National Geographic.

Com o aumento das temperaturas e a elevação do nível do mar, a água salgada do Mediterrâneo invadiu o Mar Negro, criando duas camadas distintas: uma superior oxigenada com menos sal e uma inferior de água salgada sem oxigênio. "O oxigênio cai para zero abaixo de 150 metros, ideal para a preservação de materiais orgânicos", diz Adams.

“Os destroços são um bônus completo, mas uma descoberta fascinante, encontrada durante as nossas extensas pesquisas geofísicas. Eles estão surpreendentemente preservados devido às condições anóxicas (ausência de oxigênio) do Mar Negro abaixo de 150 metros", explicou, em 2016, Jon Adams, diretor fundador do Centro de Arqueologia Marítima da Universidade de Southampton e principal investigador do Projeto de Arqueologia Marítima do Mar Negro. "Usando a mais recente técnica de gravação 3D para estruturas subaquáticas, conseguimos captar algumas imagens surpreendentes sem perturbar o fundo do mar". 

Os pesquisadores envolvidos na descoberta do cemitério de navios trabalharam por quase um mês a bordo do Stril Explorer, um navio de pesquisa que contou com tecnologias de mapeamento subaquático, responsável por identificar formas anômalas no fundo do mar com sonar.

Em seguida, os profissionais usaram dois ROVs controlados em tempo real a partir de um centro de comando na embarcação, a fim de conseguir fotos de alta resolução, vídeos e medições a laser dos naufrágios. Os 41 naufrágios estavam dispersos por cerca de 2.000 quilômetros quadrados.

Naufrágio medieval em modelo fotogramétrico/ Crédito: Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz

Química única

Na maioria dos mares, madeira e corda se decompõem rapidamente. Mas a química única do Mar Negro reduz drasticamente a degradação. Muitos naufrágios encontrados estavam em profundidades abaixo de 150 metros, alguns a até 2.200 metros.

Além disso, a madeira de alguns navios estava tão bem preservada que marcas de cinzel ainda eram visíveis. Materiais de aparelhamento, bobinas de corda, lemes e elementos decorativos de madeira esculpida, vale destacar, sobreviveram praticamente intactos. 

Naufrágio bizantino / Crédito: Divulgação/Rodrigo Pacheco-Ruiz

Naufrágio mais antigo

O naufrágio mais antigo, dizem os pesquisadores, parece ser do final dos anos 800, quando o Império Bizantino controlava a região. Outros incluem navios otomanos dos séculos 16 a 18, navios do século 19 e um navio italiano medieval do século 14.

Os arqueólogos determinam aproximadamente a época e origem de um navio analisando os estilos dos vasos de barro em sua carga, bem como o tipo de âncora e a disposição do mastro e aparelhamento.

No caso dos naufrágios encontrados no Mar Negro, eram, em sua maioria, navios mercantes que transportavam vinho, grãos, metais, madeira e outras mercadorias, embora alguns possam ser "navios de ataque cossacos movidos a remo".

Apesar das sugestões de pirataria, destaca o National Geographic, todos os naufrágios parecem ter sido causados por tempestades.