Embora Frank Sinatra tenha sido um dos músicos de maior sucesso dos Estados Unidos, ele não gostava de todo o seu repertório; confira!
Publicado em 25/06/2024, às 18h00 - Atualizado em 28/06/2024, às 18h48
Um problema que muitos artistas de sucesso enfrentam em suas carreiras, do qual muitas vezes não podem fugir, é quando uma de suas canções se torna um sucesso. Por um lado, o trabalho gera retorno e fama, por outro, fica atado à personalidade do músico para sempre, que ano após ano canta a mesma canção em todas as apresentações.
Quando se diz que é um problema comum a muitos artistas, é porque são muitos mesmo: Madonna, por exemplo, já não aguenta mais 'Like a Virgin' (de 1984); já Robert Plant, o vocalista do Led Zeppelin, cansou-se há muito tempo de 'Stairway to Heaven' (1971).
E desse mal, nem mesmo um dos músicos mais bem-sucedidos da história dos EUA conseguiu escapar. Em 1966, Frank Sinatra lançou um sucesso que o perseguiu até o fim de sua carreira: 'Strangers in the Night'.
+ Leonardo DiCaprio pode ser Frank Sinatra em novo filme de Martin Scorsese
Já um grande sucesso, em 1960 Frank Sinatra fundou seu próprio selo fonográfico, a Reprise, o que lhe permitiu ter grande controle sobre sua carreira, podendo escolher seus próprios músicos e parcerias.
Porém, quando seu assessor, Irving Weiss, e os executivos da Reprise lhe pediram para gravar 'Strangers in the Night', o cantor se viu de mãos atadas.
Na biografia "Sinatra: The Life", de Anthony Summers e Robbyn Swan, é dito que o artista chamou a música de "pedaço de merd*" e "pior música que eu já ouvi".
A razão para Sinatra ter gravado mesmo sem desejar é que a canção, que havia sido composta pelo maestro alemão Bert Kaempfert, já havia mostrado seu valor e eles acreditavam que seria um sucesso.
Charles Pignone, vice-presidente sênior da Frank Sinatra Enterprises, confirmou a história ao Songfacts.
"Sim, ele disse isso muitas vezes, ele não era fã da música, mas isso é aquela habilidade inata de Frank de saber o que o público queria. Ele fazia isso de novo nos shows, entrava e saía do seu repertório e muitas vezes ele brincava com a letra. Ele dizia: ‘Odeio essa música, detesto essa música’, mas fazia isso porque as pessoas queriam ouvi-la", disse ele.
Lançada em maio de 1966, em julho do mesmo ano a canção alcançou o topo da lista de sucessos da Billboard não só nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra e outros rankings europeus.
Além disso, a canção e o álbum renderam a Sinatra o Grammy de melhor interpretação pop masculina, melhor disco do ano, melhor arranjo musical para interpretação vocal e melhor gravação.
Porém, para o azar do cantor, mesmo após ele lançar outros grandes clássicos, em todo show os fãs lhe pediam por 'Strangers in the Night'. E mesmo com o grande retorno financeiro e o sucesso e amor dos fãs, o astro não mudou sua opinião inicial e nunca gostou da música, conforme o El País.
"Há uma canção que não suporto. Simplesmente não a suporto, mas que diabos", desabafou ele em Jerusalém, em novembro de 1975, durante um show.
+ Destinado ao fracasso: o inesperado relacionamento de Marilyn Monroe e Frank Sinatra
O azar (ou sorte) de Sinatra não acabou por aí: mesmo que não gostasse da canção, é inegável que lhe permitiu um estilo de vida de muitos excessos, lhe rendendo uma fortuna considerável na época.
Por isso, apenas três anos depois de 'Strangers in the Night', ele gravou outra música que não gostaria devido ao grande sucesso — embora, em primeiro momento, não tenha desgostado tanto —: 'My Way'.
Esta foi escrita originalmente pelo francês Claude François, e se tornaria o single mais vendido de toda a carreira de Frank Sinatra. Foi, inclusive, regravada por grandes figuras da música, como Elvis Presley, Nina Simone, Aretha Franklin, e muitos outros artistas e grupos que, se mencionados, formariam uma lista bastante extensa.
De qualquer forma, mesmo que dois de seus maiores sucessos não lhe tenham agradado tanto, Frank Sinatra ainda foi bastante profissional e (quase) sempre entregou o que os fãs pediam. Bem, certamente não é à toa que ele conseguiu ser tão bem-sucedido décadas atrás.