O Movimento Green Belt de Maathai já plantou mais de 50 milhões de árvores. Hoje a queniana é conhecida no mundo inteiro por seu ativismo político e social
Giovanna de Matteo Publicado em 24/11/2020, às 12h15
Wangari Muta Maathai é uma ativista ambientalista de origem queniana. Envolvida em diversas causas sociais e do meio ambiente, Maathai foi a primeira mulher africana a ganhar um prêmio Nobel da Paz, entregue à ela em 2004, por sua "contribuição para o desenvolvimento sustentável, democracia e paz".
"Maathai se levantou corajosamente contra o antigo regime opressor do Quênia . Suas formas únicas de ação contribuíram para chamar a atenção para a opressão política - nacional e internacionalmente. Ela serviu de inspiração para muitos na luta pelos direitos democráticos e encorajou especialmente as mulheres a melhorar sua situação", foram as palavras anunciadas pelo Comitê do Nobel da Noruega em um comunicado que apresentou a ambientalista como ganhadora.
Sua inspiração pela luta a favor da preservação do meio ambiente começou logo na infância. Quando criança, ela precisava buscar água em um córrego nas florestas do centro do Quênia, lá ela observava os sapos e girinos pulando de seu balde de água. Ao crescer, suas lembranças dos animais do lago lhe criaram um desafio: ela queria restaurar o habitat dos girinos. Foi assim que suas ideias começaram a se moldar.
Ela então se formou nos Estados Unidos, através de uma bolsa de estudos que lhe capacitou o título de mestra em biologia na Universidade de Pittsburgh. Na época, a cidade estava propagando políticas públicas para melhorar a qualidade do ar, e esse foi o primeiro contato com ativismo que ela teve, e que logo de início lhe fascinou.
Quando voltou para seu país natal, conseguiu um doutorado em anatomia veterinária, e a partir disso, foi a primeira mulher na África Oriental e Central com esse título, recebido pela Universidade de Nairobi.
No seu trabalho ela começou a entender cada vez mais sobre a indústria, a globalização, e o meio-ambiente, percebendo então uma relação mais do que entrelaçada entre o desflorestamento e a pobreza.
A resposta para as aflições que mantinha em detrimento dos problemas ambientais foi prática, simples, e eficaz. Em 1977, ela funda a sua marca registrada, o Movimento Green Belt (Movimento Cinturão Verde, em tradução livre), onde promove o plantio de árvores.
Para que desse certo e sua ideia encaixasse entre as suas ideologias, o movimento, que surge como uma ONG ambiental, começa um trabalho de empregar mulheres, em sua maioria trabalhadoras rurais, para plantar árvores, garantindo além da conservação ambiental, o direitos das mulheres à renda e independência.
Apesar de parecer uma ação pequena, ela é revolucionária; uma vez que as árvores têm o papel de preservar a água da chuva, fornecer comida, e também combustível. Estima-se que até 2019, 1 milhão de mulheres participaram ativamente do ato, plantando no mundo inteiro, mas principalmente no Quênia, mais de 50 milhões de árvore.
Em 2002, a ativista decide entrar para a política em seu país durante as eleições, se candidatando através da National Rainbow Coalition, organização queconseguiu unir a oposição queniana.
Em 27 de dezembro do mesmo ano, venceu no distrito eleitoral de Tetu, com 98% dos votos. Em janeiro de 2003, ela é nomeada Ministra Adjunta no Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais, onde ficou até novembro de 2005.
Uma de suas ações políticas foi a fundação do Partido Verde Mazingira do Quênia, em 2003, que permitiu que candidatos pudessem concorrer em uma plataforma de conservação em nome do Movimento Green Belt.
Hoje Wangari Muta Maathai é conhecida no mundo inteiro por seu ativismo político e social, sendo uma das maiores referências em ambientalismo no mundo todo.
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