João Figueiredo (à esqu.) e Bolsonaro (à dir.) - Arquivo Nacional e Getty Images
Brasil

Último presidente da ditadura também não transferiu a faixa

João Figueiredo, último presidente da ditadura, chegou a explicar o motivo de não participar da cerimônia

Redação Publicado em 01/01/2023, às 14h16

Nos últimos dias, a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro para os EUA nas vésperas da cerimônia que marcará o pontapé inicial do governo Lula causa polêmica. Isso porque a posse, que ocorre em Brasília, é marcada pela transferência de faixa entre os políticos, assim simbolizando o respeito com a democracia. Enquanto Bolsonaro se encontra fora do país, Mourão, ex-vice presidente, já confirmou que também não participará do evento. 

Até o fechamento da reportagem, a transferência da faixa é um mistério. Todavia, fato é que não se trata da primeira vez que um presidente se recusa a participar do ato simbólico.

Para entender melhor essa história, voltaremos para março de 1985, ou seja, quando João Figueiredo, último presidente da ditadura militar, deveria cumprir a responsabilidade de transferir a faixa para Tancredo Neves, político que assumiria a presidência após os anos turbulentos da ditadura no país

Como Tancredo teve um mal-estar e teve de ser operado, existiam dois cenários: José Sarney, vice-presidente, assumiria o posto ou Ulysses Guimarães, então presidente da Câmera. Na época, O Globo informou, via UOL, que seria necessário convencer Figueiredo, que rompeu laços com o vice de Tancredo.

Para evitar o contato, Ulysses Guimarães entrou em concordância com o último presidente da ditadura que não haveria o ato simbólico comum entre presidentes, e acabou por evitar o encontro entre Sarney e Figueiredo

O que disse Figueiredo

No fim, Sarney assumiu o cargo sem contar com o militar na cerimônia. E, embora muitos acreditassem que Tancredo poderia assumir o cargo, o cenário não se concretizou: ele faleceu em abril do mesmo ano, tornando Sarney presidente.

Em entrevista à Isto É, Figueiredo explicou o motivo de não passar a faixa e detonou Sarney, o definindo como 'traidor'. Ele também disse que não cabia a Sarney 'assumir a presidência'.

"Sempre foi um fraco, um carreirista. De puxa-saco passou a traidor. Por isso não passei a faixa presidencial para aquele pulha. Não cabia a ele assumir a Presidência", disse ele, conforme repercutido pela Folha.
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