O leão Cecil - Wikimedia Commons
Personagem

A triste saga do leão Cecil, assassinado por um caçador em 2015

A morte do animal teve enorme repercussão internacional e a pressão popular fez com que países, de fato, tomassem providências concretas

Isabela Barreiros Publicado em 09/11/2020, às 18h18

Na madrugada do dia 1º de julho de 2015, não foram fogos celebrando o dia da Independência que mais chamaram a atenção nos Estados Unidos. Na verdade, uma flecha lançada no Parque Nacional Hwange, no Zimbábue, por um estadunidense contra um leão se tornou o ato mais dramático daquele dia.

Walter J. Palmer praticava caça recreativa e, na época, teria pago ao guia e caçador profissional do Zimbábue, Theo Bronkhorst, US $ 50 mil para que ele pudesse matar um leão em uma das áreas protegidas do país. 

Durante a noite, ele atirou a flecha no animal e cerca de 10 a 12 horas depois, já no dia seguinte, o matou com um segundo golpe similar. Isso aconteceu a apenas 250 metros do local em que o primeiro tiro foi feito. Com treze anos de idade, o leão de nome Cecil foi esfolado e teve sua cabeça removida. Era o troféu do americano.

Cecil, o leão

Crédito: Wikimedia Commons

 

O animal que Palmer matou não era um simples leão, embora isso já fosse o suficiente para causar indignação contra a caça recreativa. Com sua crina de franjas pretas, o leão era muito importante, sendo um dos mais conhecidos na região, — responsável até mesmo por trazer turistas ao parque.

Ele estava sendo acompanhado constantemente por pesquisadores da Unidade de Pesquisa de Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford, que o estudava, junto com outros bichos, em um estudo realizado desde 1999, com mais de uma década e meia de pesquisas.

Cecil era rastreado pelos cientistas, tendo seus passos acompanhados até sua morte, quando sua coleira de rastreamento não foi encontrada junto com sua carcaça sem cabeça. Desaparecida, se tornou impossível entender o que tinha acontecido com o animal, até que as linhas foram ligadas e apontaram para a caça.

O projeto científico foi iniciado em 1999 e o leão começou a ser rastreado em 2008. Durante todo esse período, foram 62 animais que participaram do projeto científico, mas muitos morreram, principalmente devido à própria caça. Segundo o National Geographic, 34 faleceram ao longo desses anos, sendo 24 pela atividade duvidosa.

Um dos cientistas envolvidos na pesquisa tentou encontrar um motivo para que Cecil tenha se tornado tão popular. Foi sugerido que ele tinha se acostumado à presença de humanos na área preservada, o que fazia com que ele deixasse que pessoas se aproximassem dele, chegando a até 10 metros de distância. 

A morte do leão

Consultório odontológico de Palmer nos EUA / Crédito: Wikimedia Commons

 

Para Alex Magaisa, assessor do então primeiro-ministro do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, o leão era conhecido por ser "um segmento da sociedade, um segmento privilegiado — tanto local quanto internacional". Quando sua morte aconteceu, porém, pouca atenção foi dada ao acontecimento no país.

A situação era diferente no resto do mundo. O caso provocou grande indignação internacional, o que fez com que políticos, ativistas e simplesmente defensores dos animais se posicionassem contra o Palmer. O consultório odontológico do homem foi alvo de inúmeros protestos nos Estados Unidos.

Mesmo assim, o caçador recreativo tinha uma licença para caçar no país, o que fez com que ele não fosse indiciado por nenhum crime. Não foi o suficiente para parar a fúria dos que estavam chocados com o assassinato de Cecil.

Segundo o diretor da Wildcru, David Macdonald, que realizou uma pesquisa sobre a cobertura jornalística do acontecimento, a morte do leão fez com que pessoas começassem a se importar mais com a proteção animal. 

“Acho que é discutível que esta é a maior resposta global a uma história de vida selvagem que já existiu. Acho que todas essas pessoas estavam demonstrando interesse não apenas pelos leões, mas pela conservação de forma mais ampla”, disse em entrevista ao National Geographic.

A pressão popular fez com que ações fossem tomadas de fato por países. Por exemplo, a Austrália e França implantaram leis que proibiam caçadores de trazerem troféus de leões para seu território. Os Estados Unidos, país em que isso é mais visível, também fizeram mudanças: eles adicionaram novas proteções para leões. 

Embora não seja possível recuperar a vida de Cecil, sua morte fez com que mudanças fossem feitas para impedir que isso continuasse acontecendo constantemente. No entanto, é possível perceber que são pequenas transformações, que um dia poderão impedir a caça recreativa de fato.


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