Reivindicando o trono da Inglaterra, Mary foi a maior ameaça ao poder da filha de Henrique VIII
André Nogueira Publicado em 25/09/2020, às 10h00
Uma das figuras mais controversas da era elisabetana, Mary Stuart, rainha da Escócia, destacou-se por sua irreverência e solidez nas convicções em um tempo de controle social. Casada três vezes, ela foi executada por sua prima e concorrente política, a rainha Elizabeth I.
Mary era filha única de Jaime V, da Escócia, sobrinho de Henrique VIII. Em pleno século 16, os países vizinhos eram hostis entre si e entraram em guerra durante o final da vida do rei escocês. Após o fim do conflito, passou a ser rainha, mesmo que fosse uma recém-nascida (ou seja, acompanhada de uma série de regentes). Aparentada com a corte francesa, a nova rainha logo foi levada à França, onde se casou com o futuro rei, Francisco II.
Reinado caótico
Assim que Delfim, o jovem monarca francês, morreu, Mary Stuart retornou à Escócia, onde passou a governar de fato, aos 19 anos de idade. Em seu tempo no trono, a rainha passou a ser a maior ameaça política de Elizabeth, isso porque era vista pelos católicos ingleses como pretendente favorita à coroa britânica. Não a toa, depois de seis anos de governo, ela foi traída pela nobreza protestante e expulsa de seu país, abdicada.
O ambiente político caótico que levou à sua deposição envolvia uma disputa entre os cristãos da Santa Sé e os reformados, pois os primeiros nunca reconheceram o casamento de Henrique VIII com Ana Bolena e, portanto, consideravam Elizabeth uma monarca ilegítima. Por isso, desde cedo, Mary requisitava o trono inglês, gerando grande atrito entre o país e a Escócia.
Um dos impulsionadores desse conflito foi a série recorrente de cartas escritas por Mary Stuart à prima Elizabeth, pressionando que ela fosse declarada herdeira do trono. O envio dessas correspondências era assustadoramente frequente, chegando a se tornar uma espécie de assédio moral.
Busca por poder
Quando foi retirada do trono, ela teve de fazer uma escolha política: buscar auxílio militar no Reino da França, onde tinha parentes e aliados católicos, ou refúgio na corte elisabetana em busca de um retorno. Inicialmente, Elizabeth demonstrou simpatia por Mary, mas logo foi levada a isolá-la por pressão de seus conselheiros.
Para complicar sua situação, Stuart era acusada de participação no assassinato de seu ex-marido, que supostamente teria sido morto pelo Conde de Bothwell (terceiro marido da rainha escocesa). Elizabeth usou a acusação como cartada política para renegar auxílio à monarca exilada. Através de falsas correspondências, foi juridicamente provado a participação dela, o que levou ao isolamento da mesma.
Deu-se início então a uma caçada contra Mary, capitaneada pelo mestre de espionagem da Rainha da Inglaterra, Sir Francis Walsingham, que começou a se comunicar com os aliados franceses da escocesa, fingindo oferecer auxílio. Ao mesmo tempo, ela articulava com Anthony Babington uma invasão da Inglaterra e deposição violenta da rainha. Rapidamente, eles foram capturados e acusados de traição.
Em 1586, ambos foram presos e Babington foi torturado e executado. Logo depois, sem um julgamento de verdade (apesar de um de fachada), Stuart foi declarada culpada e condenada à morte. Sabendo de sua sentença, ela passou seus dias finais com orações e a redação de cartas de despedida.
Foi construído um andaime no Grande Salão do Castelo de Fotheringhay, onde ela seria decapitada no dia seguinte. Com um vestido vermelho, a cor do martírio, ela entrou de cabeça erguida no salão. Após um pedido de desculpas, perdoou seu carrasco, que precisou de três golpes para arrancar sua cabeça de seu corpo.
+Saiba mais sobre o período através de grandes obras disponíveis na Amazon
Elizabeth I: Uma biografia, de Lisa Hilton, 2016 - https://amzn.to/38N7eAe
Elizabeth I - O Anoitecer de um Reinado, de Margaret George (ebook Kindle), 2012 - https://amzn.to/38LJgoD
Elizabeth I, Anne Somerset, 2003 - https://amzn.to/2t90c8Z
The History of England in Three Volumes, Vol.I., Part D. From Elizabeth to James I. (English Edition), David Hume (ebook Kindle) - https://amzn.to/35Tq4D5
'100 anos': O mistério por trás do filme que você nunca verá
Bandida - A Número 1: A mulher que inspirou o filme foi vendida pela avó?
Bandida - A Número 1: Veja a história real por trás do filme
Bandida - A Número 1: Veja os relatos da mulher que inspirou o filme
12 de setembro de 1940: Pinturas rupestres são descobertas na Gruta de Lascaux
Irmão Menendez: Veja o que aconteceu com a casa que foi palco do crime