O romance proibido entre o imperador e a Marquesa de Santos foi cercado de polêmicas do início ao fim
Penélope Coelho Publicado em 25/07/2020, às 08h00
1. Como se conheceram
Em 1822, quando Domitila de Castro do Canto e Mello ainda era casada com o violento Felício Pinto Coelho de Mendonça, o caminho da mulher se cruzou com o de Dom Pedro I.
Tudo aconteceu quando o homem estava de passagem na cidade de Domitila, São Paulo, alguns dias antes de declarar a independência do Brasil. Mesmo casado com Leopoldina, Pedro I fazia jus ao título de mulherengo e arranjava amantes por onde passava.
Em 1823, Domitila já estava instalada na corte,e desde o começo o relacionamento dos dois foi intenso. A mulher sabia que não era a única amante do imperador, mas, foi a mais famosa e a que por mais tempo ficou ao seu lado, sete anos no total.
Acredita-se que o amor enérgico de Dom Pedro I por Domitila tenha diante da personalidade da amante, que era muito diferente do temperamento de sua esposa Leopoldina. A paulistana possuía um espírito livre, que o encantou prontamente.
2. Regalias e título de marquesa duvidoso
Aos poucos, o imperador foi elevando o padrão social de sua amante. Para que a mulher pudesse estar mais perto, em 1825, Domitila se tornou a dama de companhia de Leopoldina.
Pouco tempo depois, ele a nomeou como viscondessa de Santos, logo, a moça recebeu oficialmente o título nobiliárquico de Marquesa. Porém, o ato chamou atenção da sociedade na época — pelo fato de Domitila nunca ter nem sequer visitado a cidade litorânea. O título foi dado à mulher como uma forma de insultar os irmãos Andradas. Pedro I não tinha uma boa relação com os homens que eram verdadeiramente nascidos em Santos.
Não foi só a marquesa quem recebeu títulos da nobreza, o imperador distribuiu titulações para toda a família da amante, além de presenteá-la com uma mansão no Rio de Janeiro, conhecida como Casa Amarela — onde hoje está instalado o Museu do Primeiro Reinado, na cidade.
3. Confundida com uma prostituta.
No período em que estava cada vez mais próxima da nobreza brasileira, Titília — como era apelidada por Pedro — tinha o desejo de expandir seus horizontes e passou a frequentar alguns lugares luxuosos que já faziam parte da rotina da Corte Imperial. Contudo, a marquesa nunca foi aceita e certa vez, quando tentou entrar no Teatro da Constituição, a mulher foi barrada por ter sido confundida com uma prostituta.
Até hoje o motivo da confusão é incerto, não se sabe se foram pelas roupas que Domitila usava, ou, por seu "jeito de se portar". Mas, o evento deixou o imperador furioso. Após saber do ocorrido, o homem mandou que as portas do estabelecimento fossem fechadas imediatamente.
4. Romance com a irmã
Honrando sua fama de mulherengo, o imperador acabou se envolvendo em mais uma relação extraconjugal repleta de polêmicas. Enquanto era casado com Leopoldina e mantinha a Marquesa de Santos como amante, o homem também se relacionou com a baronesa de Sorocaba — irmã de Titília.
Para piorar a situação, Pedro ainda engravidou a baronesa um pouco antes de descobrir que Domitila também carregava em seu ventre um filho do imperador. O triângulo amoroso deixou a marquesa enfurecida. Ela chegou a tentar atacar sua irmã algumas vezes. No mesmo período, a paulistana percebeu que o sonho de se tornar imperatriz estava cada vez mais distante.
5. O fim
Após a morte de Leopoldina em 11 de dezembro de 1826, Pedro I precisava se casar novamente. Seus atos violentos com a falecida imperatriz tinham acabado com sua reputação. Ele pretendia arrumar um casamento com alguém que tivesse o sangue da nobreza para melhorar seu status.
Logo, o homem percebeu que a figura de Domitila estava atrapalhando nesse processo, dessa maneira, a mulher foi levada de volta para São Paulo. Sentindo-se abandonada, o casal rompeu oficialmente em 1829, Titília nunca se tornou imperatriz, já que nunca se casou com seu amor.
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