O 'Leão do Castelo de Gripsholm' - Reprodução/Twitter
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A taxidermia que deu errado: A história do leão de Gripsholm

Conhecido como 'Leão do Castelo de Gripsholm', animal é um dos mais catastróficos e risíveis exemplos de taxidermia da história; confira!

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 15/08/2023, às 16h59

Nas mais variadas culturas e contextos históricos pelo mundo, diferentes formas de produção artística podem surgir. E entre as formas mais chamativas, embora não tão popular mundo afora, está a taxidermia.

Do grego, a palavra significa "dar forma à pele"; e essa informação já é suficiente para entender em que consiste a arte. A taxidermia consiste em, basicamente, montar ou reproduzir animais para exibição ou estudo, preservando forma da pele, planos e tamanho dos animais.

Um exemplo de obra de taxidermia apreciada, e relativamente comum — não no Brasil, mas principalmente para os norte-americanos —, é a tão recorrente em filmes antigos cabeça de veado, que fica pendurada nas paredes daqueles que geralmente os caçam. E é padrão vermos nas obras ficcionais essas cabeças repletas de detalhes e bastante perfeitas, próximas ao que o animal é na realidade.

Fotografia de um gorila taxidermizado sendo observado por uma criança / Crédito: Getty Images

 

Porém, imagine só tentar fazer a taxidermia de um animal que você não conhece, nunca nem viu na vida, sem acesso a imagens originais ou descrições detalhadas de como ele é. Embora hoje isso seja quase improvável, considerando-se o acesso à internet e a abundância de informações de fácil acesso, no passado esse problema poderia ocorrer.

O Leão de Gripsholm

Na cidade de Mariefred, localizada na norte da província da Södermanland, na Suécia, pode ser encontrado o que é considerado um dos mais belos monumentos históricos do país: o Castelo de Gripsholm. Porém, em seu interior pode ser encontrado, em contraste, possivelmente uma das obras de taxidermia mais ridicularizadas da história: o Leão de Gripsholm.

A peça consiste na figura empalhada de um leão do século XVIII nomeado de maneira simples como "Leo". E, de acordo com o site oficial do Palácio Real sueco, e repercutido pelo site Snopes, verificador de fatos, ninguém sabe exatamente como o animal teria chegado, ainda em vida, ao local.

[Um] leão da vida real também estava entre os animais exóticos que eram procurados nas casas reais da Europa. Dar um leão de presente era um gesto significativo entre os soberanos", explica o site. "Leo, o leão, quase certamente foi um desses presentes, mas ninguém sabe quando ele veio para a Suécia."

De fato, quando se trata de artefatos tão antigos, ainda mais dados ou trocados como presentes, é difícil se encontrar registros. Porém, desde sempre se contou uma história sobre sua origem (esta que, posteriormente, provou-se uma lenda): seria um presente do rei de Argel ao rei Frederico I da Suécia, em troca do 'imposto' que a Suécia pagou para evitar a pirataria no Mar Mediterrâneo, tornando-se assim o primeiro leão da escandinávia.

Rei Frederico I da Suécia / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Por que tão... diferente?

Como já mencionado, o Leão de Gripsholm foi um animal enviado do reino de Argel — onde hoje fica a Argélia, no norte da África — à Suécia, ou seja, uma longa viagem foi necessária para tal. Ou seja, se o que encantava no espécime era justamente a sua raridade para os suecos, isso também foi um problema para os taxidermistas locais, que não conheciam o animal como realmente era.

Por isso, mesmo que não sejam claras as razões exatas para que o leão seja tão diferente da realidade, muitos pesquisadores acreditam que a razão para essa memorável taxidermia ser como é, se deve ao fato de, após a morte do bicho, suas partes não perecíveis — pele e esqueleto — terem sido enviadas a um taxidermista que sequer conhecia um leão vivo; mas ainda assim fez o melhor que pôde.

Leão de Gripsholm / Crédito: Reprodução/Twitter

 

No entanto, ainda existe a teoria de que a aparência deformada do animal seja proposital, ou até mesmo que o taxidermista idealizava que o leão fosse observado por somente um ângulo específico: "Quando visto de lado, o leão tem uma aparência bastante feroz. Nesse contexto, a língua bizarra e os dentes falsos do leão fazem algum sentido. Mesmo a posição dos olhos próximos parece ter sido feita para fazê-los parecer franzidos e zangados", explica o site do Palácio Real sueco

Talvez o taxidermista simplesmente se concentrou demais nas imagens de visão lateral ao montar a pele, ou o leão (de alguma forma) nunca foi planejado para ser visto de mais de um ângulo", completa.
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