Dos druidas ao Sacro Império Romano, o conceito de democracia que conhecemos hoje era um privilégio para poucos no passado
Álvaro Oppermann Publicado em 01/09/2008, às 00h00 - Atualizado em 13/06/2021, às 08h00
Considerado essencial para uma democracia, o direito de escolher de forma livre seus representantes mediante o voto é bastante recente. Ainda mais, a história do sufrágio universal ainda é incompleta. Isso porque, em 2019, segundo a revista The Economist, apenas 76 países viviam em uma democracia plena ou imperfeita.
Analisando o formato do governo de 167 países, a publicação internacional identificou que 37 paíeses viviam em regimes híbridos, enquanto as outras 54 nações eram comandadas por governos autoritários. Mas essa situação já é um avanço considerável.
Rezam as lendas celtas e hindus que os primeiros eleitores da humanidade foram os druidas e sacerdotes, que escolhiam seus chefes políticos. Em Atenas, por volta do século 5 a.C., participavam 20% dos cidadãos, todos homens. Os romanos inventaram a urna eleitoral em 139 a.C. Até então, as escolhas eram feitas no gogó.
Durante a Idade Média e a Renascença, as votações se tornaram sinônimo de conchavo. No Sacro Império Romano (962-1806), quem elegia o rei era um pequeno grupo de nobres e religiosos. “A idéia de democracia permaneceu adormecida na Europa até o fim do século 19”, afirma o historiador inglês Malcolm Crook, autor de 'Elections in the French Revolution' ('Eleições na Revolução Francesa', sem tradução no Brasil).
Até nos Estados Unidos, o sufrágio universal tardou para ser aceito. Entre os delegados da convenção que elaborou a Constituição do país, promulgada em 1787, imperava a opinião do parlamentar George Mason (1725-1792): “Deixar o povo escolher o presidente é como deixar um cego escolher uma cor”.
O voto feminino também foi uma conquista árdua. No Brasil, no início do século 20, a advogada carioca Myrthes de Campos (a primeira mulher a ingressar na Ordem dos Advogados do Brasil, em 1906) teve negado o pedido de participar das eleições.
Esse direito só foi reconhecido às mulheres décadas mais tarde, com a chegada do Código Eleitoral de 1932. E olha que o Brasil estava na vanguarda. Na Suíça e em Portugal, o “voto de saias” só virou lei, respectivamente, em 1971 e 1974.
Em compensação, no Brasil, o direito de voto aos analfabetos, que era previsto até 1889 e acabaou sendo negado um pouco depois, só foi restabelecido a partir de meados de 1985. Com isso, nós fomos o último país da América do Sul a fazê-lo.
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