As duas cidades da Antiguidade são perfeitas representações do tempo para a História. Entenda o caso
Redação Publicado em 29/07/2019, às 13h00
O principal objeto de estudo do historiador é o tempo. Durante a investigação dos processos humanos de mudança, o profissional se depara com profundas questões sobre a temporalidade e as formas como o desencadear de eventos pode acontecer.
Dentro dessa lógica, há uma metáfora, com origem na psicanálise de Freud, que trabalha bem as formas como podemos compreender o tempo: a diferença entre Roma e Pompeia.
Essa metáfora parte de uma diferença importante no trabalho de análise historiográfica. Ao analisar as fontes, o historiador precisa lidar com o retrato do passado e com os complexos processos de ruptura e continuidade, em que todo testemunho do passado é visto como um tecido de referências de tempos diversos.
Pompeia seria essa primeira forma de temporalidade: petrificada pela lava do Vesúvio, é uma cidade estática e também uma imagem eternizada de um trágico momento que ocorreu há 2.000 anos. Nesse sentido, o local pode ser considerado a metáfora da memória de momentos como os conhecemos, a cristalização de um evento singular.
Por outro lado, Roma é um retrato complexo do que os historiadores chamam de diacronia. A cidade é um mosaico de estilhaços de inúmeros momentos do passado, que, quando vistos em conjunto, expõem processos contínuos ao longo do tempo. Escavar Roma é se deparar, numa mesma região, com ruinas da República do século 6 a.C. e com estruturas do Renascimento.
Assim, Roma seria uma forma de representação do extenso trabalho de pesquisa do historiador ao abordar fontes e necessitando compreender as diversas temporalidades que envolvem o local.
Enquanto isso, Pompeia é, ao mesmo tempo, a visão gerada pela fonte do passado. Isso porque gera uma representação parcial do tempo retratado, e o resultado do trabalho historiográfico, resultando em um quadro do acontecimento pretérito.
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