Pães egípcios recriados - Reprodução/Twitter/@SeamusBlackley
Pão

Relembre o dia em que o criador do Xbox fez pão com fermento de 4.500 anos

Em 2019, um amante de panificação e arqueologia egípcia recriou uma receita milenar de pão, utilizando inclusive fermento da época; confira!

Éric Moreira Publicado em 05/08/2024, às 20h00

Com o trabalho de arqueólogos, e graças aos restos de cerâmicas, "talheres" e restos de comida de vários assentamentos, é possível conhecer um pouco mais sobre como a cultura gastronômica se desenvolveu ao longo da História.

Hoje sabemos que um dos alimentos mais antigos que a humanidade tem, que pode ser preparado de diferentes maneiras dependendo da região e dos materiais a disposição, é o pão. Em 2019, um panificador amador se arriscou ao reproduzir uma receita de pão de 4 mil anos, inspirado nos antigos egípcios. Relembre!

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Ingrediente do passado

O físico e designer de videogame Seamus Blackley, um dos criadores do Xbox, compartilha duas paixões: a arqueologia egípcia e a panificação. Mesmo que seja um amador na área, ele teve uma oportunidade especial em 2019, que não deixou de compartilhar com seus seguidores no Twitter (atualmente chamado de X). Na época, utilizou um fermento egípcio de 4,5 mil anos ao criar um antigo pão.

Com a ajuda de Serena Love, arqueóloga da Universidade de Queensland, na Austrália, Blackley teve acesso a uma quantia de um raro fermento biológico, encontrado dentro de peças de cerâmica egípcias de 4.500 anos.

Peças de cerâmica em que foram encontradas leveduras egípcias de 4,5 mil anos / Crédito: Reprodução/Twitter/@SeamusBlackley

 

O fermento, no caso, era utilizado pelos egípcios para fazer pão e cerveja. Vale mencionar que o fermento biológico consiste em um grupo de leveduras (fungos), que se alimentam do açúcar presente no pão e produzem álcool e gás carbônico — o famoso processo de fermentação, que permite que as massas cresçam e fiquem fofinhas.

Surpreendentemente, as leveduras egípcias sobreviveram, embora "adormecidas", aos 4 milênios que estiveram armazenadas. Mas antes de serem utilizadas, o microbiologista Richard Bowman, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, "acordou" os organismos com uma solução de nutrientes, que poderia ser utilizada normalmente na receita.

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Panificação

Para a receita, Seamus Blackley contou com os mesmos ingredientes que os egípcios utilizavam na época, como a cevada, a farinha de einkorn — uma variedade de trigo no meio-termo entre a selvagem e a domesticada — e trigo de khorasan. Os grãos, vale mencionar, são considerados mais antigos que a farinha de trigo como a conhecemos hoje. "O aroma é diferente de tudo que já experimentei", descreve Blackley.

This crazy ancient dough fermented and rose beautifully. Here it is in the basket, just before being turned out to bake. The ancient Egyptians didn’t bake like this- you’ll see- but I need to get a feel for all this so I’m going conventional for now. pic.twitter.com/lcGnOsaT9n

— Seamus Blackley (@SeamusBlackley) August 5, 2019

Apesar de adaptações à contemporaneidade, o fermento de 4 mil anos se mostrou um verdadeiro sucesso. Como o próprio Blackley descreveu, ele obteve um pão "fofinho, cheiroso e gostoso". "Provavelmente não é o que você imaginaria de um pão milenar", acrescenta em comentário. Ele também pontua que o "D" escrito na crosta do pão é o antigo hieróglifo usado para "pão".

"O miolo é leve e arejado, principalmente para um pão de grãos 100% antigo. O aroma e o sabor são incríveis. Estou emocionado. É realmente diferente e você pode perceber facilmente, mesmo que não seja um nerd de pão. Isso é incrivelmente emocionante e estou tão surpreso que funcionou", continuou na publicação.

The crumb is light and airy, especially for a 100% ancient grain loaf. The aroma and flavor are incredible. I’m emotional. It’s really different, and you can easily tell even if you’re not a bread nerd. This is incredibly exciting, and I’m so amazed that it worked. pic.twitter.com/qGRmi2Yg8Y

— Seamus Blackley (@SeamusBlackley) August 5, 2019

E, de fato, o resultado foi positivo. O padeiro amador ainda reproduziu a receita mais vezes, todas em assadeiras e fornos convencionais, embora ele ainda pretendesse utilizar peças de cerâmica. 

Today I kept practicing with the grain and microbe combination. This will be the last test we show before we head back to the bio lab, and before we start using proper Ancient Egyptian baking techniques. The Hieroglyphs are “Di” and “Ankh” meaning “Given Life.” pic.twitter.com/QM0Om6464T

— Seamus Blackley (@SeamusBlackley) August 11, 2019
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