Foto de Ayrton Senna com Galvão Bueno - Reprodução/Instagram/Galvão Bueno
Senna

Relembre a amizade entre Ayrton Senna e Galvão Bueno

Relação entre o ídolo brasileiro do automobilismo e a lenda da narração esportiva será um dos temas de Senna, que estreia nesta sexta, 29, na Netflix

Fabio Previdelli Publicado em 26/11/2024, às 20h00

"Ayrton Senna do Brasil, tricampeão mundial de Fórmula Um… É dia de festa para todo mundo… É toda uma vida dedica a esse instante de um gênio do esporte nacional, que se preparou e entregou cada instante do seu trabalho e da sua vida profissional para se transformar no maior ídolo da autovelocidade".

Foram essas palavras usadas por Galvão Bueno para narrar a conquista do tricampeonato mundial de Fórmula Um por Ayrton Senna, em 1991. A amizade entre o piloto brasileiro e o icônico narrador será um dos temas abordados em 'Senna', nova minissérie da Netflix que estreia na próxima sexta-feira, 29. 

Na ficção, Ayrton será vivido pelo ator Gabriel Leone, enquanto Galvão por Gabriel Louchard.

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Ayrton Senna: Realidade e ficção - Getty Images e Divulgação/Netflix
Galvão Bueno: Ficção e realidade

A trama, dividida em seis episódios, mostrará desde o início da carreira do piloto até seu crescimento dentro do automobilismo; como era Senna com seus amigos e amores; e também relembrar o trágico acidente no GP de San Marino, em 1º de maio de 1994, que culminou com a morte do ídolo brasileiro. 

"Ao longo de seis episódios, Senna vai mostrar, pela primeira vez, a trajetória de superação, desencontros, alegrias e tristezas de Ayrton, desbravando sua personalidade e suas relações pessoais. O ponto de partida será o começo da carreira automobilística do tricampeão de Fórmula 1, quando ele se muda para a Inglaterra para competir na Fórmula Ford, até o trágico acidente em Ímola, na Itália, durante o Grande Prêmio de San Marino", diz a sinopse da produção disponibilizada pela Netflix. 

Enquanto 'Senna' não chega no catálogo da Netflix, saiba como surgiu a amizade entre Ayrton e Galvão!

Os 'irmãos' Bueno-Senna

Conforme recorda matéria da CNN, Galvão Bueno e Ayrton Senna se encontraram pela primeira vez quando o piloto brasileiro ainda nem estava na Fórmula Um. Na ocasião, em 8 de maio de 1982, Senna disputava uma prova da categoria Fórmula Ford 2000, na Bélgica. Ele tinha 22 anos, enquanto Galvão era uma década mais velho.

Ayrton se tornou vencedor da categoria naquele ano, ostentando um recorde impressionante: 22 vitórias, 18 poles, 22 voltas mais rápidas e 516 pontos conquistados. Seu desempenho chamou a atenção de equipes da Fórmula Um. 

O encontro foi relembrado por Galvão em 2015, em sua biografia 'Fala, Galvão' (Globo Livros): "O senhor é o 'seu Galvão'?", perguntou Senna. "Sou", respondeu o narrador. "Vou chegar à Fórmula 1, e o senhor ainda vai transmitir muita corrida minha", prometeu o piloto. 

No ano passado, Bueno foi entrevistado pelo Flow Sport Club, dando mais detalhes entre a amizade dos dois: "Ele era mais que um amigo, era um irmão mais novo", disse o apresentador. 

Nosso relacionamento começou com uma amizade que foi crescendo, as famílias ficaram amigas… Ele era um irmão mais novo", completou. 
Ayrton Senna e Galvão Bueno - Reprodução

 

A dobradinha Senna-Bueno também fez sucesso nas manhãs de domingo. Afinal, Galvão não só foi responsável por narrar a primeira vitória do amigo e piloto na F1 (no GP de Portugal, em 1985), como também foi a voz dos grandes momentos de Ayrton no automobilismo. 

Além do já citado tricampeonato mundial, Galvão Bueno narrou 35 das 41 vitórias de Senna na categoria — como as memoráveis atuações em Interlagos (em 1991 e 1993) e na Austrália (em 1993, a última vitória do brasileiro na F1). 

Galvão também participava do Grande Prêmio de San Marino quando Senna seguiu reto ao invés de fazer a curva Tamburello — colidindo contra o muro a mais de 200 quilômetros por hora. 

+ Adeus, Ayrton: Os detalhes emocionantes da morte de Senna

Você narrar a morte de um irmão é duro. É muito duro. Foi uma coisa muito dura, muito sofrida. Eu cheguei a pedir uma três vezes ao Reginaldo [Leme] segurar [a transmissão] por alguns segundos, para seu sair da cabine e dar uma respirada. Porque é evidente que dava para perceber, pela sequência dos procedimentos, que a situação era muito grave", relembrou ao Flow. 

"Eu me lembro de duas frases que não consigo me esquecer. Quando bateu, eu disse: 'Senna bateu. Bateu forte'. A frase foi exatamente essa. E depois quando o helicóptero decola, que eu digo: 'Meu irmão, seja forte. Vai com Deus, mas seja forte. Você tem um país rezando por você'".

Na entrevista, Galvão ainda recordou o momento em que chegou ao Hospital Maggiore de Bolonha para visitar Ayrton. Até aquele momento, não havia informações sobre o estado de saúde do brasileiro. Galvão chegou ao local acompanhado de Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, amigo de Ayrton; e de Gerhard Berger, piloto austríaco que foi companheiro de Ayrton na McLaren.

"O doutor Sid Watkins [que atendeu o Senna] nos disse assim: 'Vocês são os grandes amigos dele, eu queria dizer uma coisa. Ele está morto. O coração dele ainda tá batendo, porque ele é muito forte. Mas a morte cerebral já está determinada. Eu não posso impedir nenhum de você de ir vê-lo, mas aconselho a não ir'".

Galvão conta que decidiu não ver o amigo naquele estado e só se despediu de Ayrton Senna durante seu enterro no Brasil. As últimas palavras de Galvão Bueno para seu amigo foram registradas em edição especial do Globo Repórter

"Eu venho, desde domingo, tentando achar uma frase que pudesse definir meu amigo Ayrton Senna. Não encontro. Ele é muito maior do que qualquer frase. Vá com Deus, meu irmão. Porque você, acho, está no seu lugar… Você era tão grande, tão maior que seu tempo, que eu acho que você realmente pertencia a uma outra dimensão. Vai com Deus, meu irmão".

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