Entre os séculos 16 e 19, "base" composta por chumbo era febre entre mulheres, em especial da realeza; confira!
Éric Moreira Publicado em 15/04/2023, às 16h00 - Atualizado em 20/07/2023, às 15h21
Ao longo da história da humanidade, quando se observa as mais diferentes culturas, regiões e períodos, percebe-se principalmente as diferenças entre esses grupos. Porém, existem alguns elementos em tradições que são, de certa forma, inerentes ao ser humano; e entre eles está o hábito de querer ser bonito(a).
Claro, os padrões de beleza e o conceito é bastante ambíguo, sendo sempre determinado grandemente pela época. Por exemplo, em uma Europa mais antiga, o padrão de beleza feminino era que as mulheres fossem um pouco mais curvadas; hoje, porém, percebe-se amplamente disseminado o exemplo de corpo perfeito um que seja bastante malhado e magro.
Para que pudessem ser consideradas mais bonitas, as mulheres — elas que mais sofrem pressões estéticas para se embelezarem em todas as sociedades, enquanto nem tanto os homens — criaram a cultura de usar diversos produtos e cosméticos, como maquiagens. Porém, no passado esse costume poderia acarretar consequências gravíssimas e inesquecíveis em algumas.
Esses produtos cosméticos usados no passado até agora nem sempre foram inofensivos à saúde. Pelo contrário, ainda hoje surgem sempre boatos sobre produtos específicos que causam, de fato, mal a seus consumidores.
Porém, hoje em dia percebe-se um aumento perceptível no número de produtos que, pensando em causar menos dano à saúde das mulheres, são feitos muitas vezes à base de produtos naturais, hipoalergênicos ou com tecnologia de última geração. No entanto, no período da Renascença um produto muito comum e adorado por várias dessas mulheres era a Cerusa Veneziana.
Conforme repercutido pela Revista Galileu, esse produto foi comercializado desde o século 16 até o 19, antes de te sido completamente substituído. E com razão: sua composição continha carbonato de chumbo (2PbCO3·Pb(OH)2), o metal em um formato que lembra um pó branco.
Embora a quantidade de chumbo que pudesse ser encontrada no cosmético fosse baixa, não deixava de ser tóxico, e sua aplicação diária — como muitos faziam durante a Renascença, em especial da realeza — poderia, sim, intoxicar alguém. Por causa disso, inclusive, muitas mulheres que usavam a Cerusa Veneziana, relatavam perda de cabelo, sobrancelhas e dentes, corrosão e cicatrizes na pele e até mesmo problemas de saúde de longo prazo, como declínio cognitivo precoce.
E o cosmético era realmente bastante popular na época, de forma que até mesmo figuras importantes usavam-no. Uma figura bastante importante que o usava era a rainha Elizabeth I (1533 - 1603), da Inglaterra, por exemplo. E o produto com chumbo não era utilizado por falta de opção: existiam também outras possibilidades de cosméticos, como o alabastro ou madrepérolas trituradas em pó.
No entanto, a popularidade do cosmético se dava muito por sua conveniência, além da longa duração e facilidade de se aplicar, e também conferia o aspecto natural à pele.
"Na verdade, ao contrário da crença popular, a cerusa estava longe de ser o grotesco produto cosmético semelhante a uma máscara que imaginamos hoje. Devia parecer e agir como um corretivo bastante transparente e podia ser colocado em camadas ou misturado com pigmentos para obter o efeito desejado", descreve texto do Guinness.
Antes de ser aplicado no rosto, pescoço e peito, como as mulheres faziam, a fim de deixar a pele com um aspecto mais "jovem", o pó a base de chumbo era misturado a vinagre e água.
Algumas mulheres ainda misturavam-no com clara de ovo ou uma outra substância tóxica, chamada 'vermelhão', "obtido por um mercúrio extraído de cinábrio e enxofre", de acordo com o Guinness.
Por sorte, a base tóxica deixou de ser usada ainda no início dos anos 1800, mas infelizmente muita gente já havia sofrido com as consequências de utilizá-la.
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