Bem-humorado e fluente em quatro línguas, o guianês fez sucesso nos Estados Unidos na caravana circense de P. T. Barnum
Wallacy Ferrari Publicado em 13/06/2020, às 16h00
Nascido na Guiana, o jovem Prince Randian viveria com uma raríssima condição, que inicialmente, seria tratada como uma anomalia capaz de acabar com sua vida. A Síndrome de Tetra-amelia fez o rapaz nascer sem membros, com os braços limitados a uma pequena parte do deltoide e pernas quase inexistentes.
Buscando amparo para, ao menos, obter próteses, sua família se mudou para Ilhas Virgens Americanas, onde Randian passou toda a adolescência. O garoto hindu buscou se especializar em outras coisas para driblar a dificuldade de deslocamento e realização de atividades cotidianas, sendo fluente em inglês, francês e alemão.
Aos 18 anos, o mestre dos freak-shows americanos P. T. Barnum descobriu Prince enquanto fazia uma viagem internacional. Impressionado com sua inteligência e desenvoltura, o circense realizou uma ótima proposta para o gatoro se apresentar nos Estados Unidos, com moradia inclusa. Em 1889, o convite foi aceito e Randian imigrava para o país em uma nova oportunidade de adaptação.
O homem-cobra nos EUA
A orientação de Barnum era simples; apenas realize alguma atividade cotidiana em frente ao público e será suficientemente surpreendente. Randian, por sua vez, desenvolveu um número rápido, treinado durante boa parte de sua adolescência, onde sacava um cigarro, uma caixa de fósforos e, apenas com sua boca, ascendia e tragava.
Ao longo dos anos, criou ainda mais números, desde desenhos usando um pincel na boca até escrita com uma caneta, movimentando os dentes e realizando manuscritos com uma caligrafia impressionante.
Os números renderam-lhe o apelido de “homem-cobra” e o sucesso nacional na caravana circense, acompanhado de outros fenômenos como a Sereia de Fiji e a Mulher Barbada. A projeção foi tamanha que, em 1932, surgiu um convite para os cinemas, realizando os mesmos atos no filme ‘Freaks’, sendo usado inclusive no cartaz de divulgação da obra.
A vida privada do homem-cobra
A aparência anormal não impossibilitou Randian de viver uma vida normal. Diferente de muitos dos membros do freak-show de P. T. Barnum, o homem-cobra não sofria de nenhuma limitação intelectual, mantendo ótimas conversas com o líder circense e evitando que sua imagem e atos fossem explorados de maneira desvantajosa para o guianês.
Na mudança para os EUA, Randian foi acompanhado pela família, além de se casar com uma mulher hindu chamada Sarah. O casal teve quatro filhos, sendo três meninas e um rapaz, sem nenhuma herança da síndrome. Mantendo uma vida normal, era deslocado com uma cadeira de rodas e conhecidamente brincalhão.
Trabalhou até o fim da vida como artista circense, totalizando mais de 40 anos nos palcos. Randian morreu em 19 de dezembro de 1934, aos 63 anos, vítima de um ataque cardíaco, horas depois de se apresentar.
Fonte: History Collection.
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