Aceita pela comunidade científica desde o século 19, teoria de Darwin é fruto de seu tempo
Joseane Pereira Publicado em 09/04/2019, às 07h14 - Atualizado às 09h14
O ser humano é fruto do seu tempo. Essa frase, disseminada por inúmeros autores através da História, também se aplica a uma das figuras mais revolucionárias do mundo científico: Charles Darwin. Muito se sabe sobre a aplicação errônea de sua teoria às sociedades humanas, que gerou o Darwinismo Social, utilizado pelas potências europeias para subjugar outros povos. Mas algo sobre o qual raramente pensamos é que o próprio Darwin foi profundamente influenciado pela cultura e pelo tempo histórico de uma Inglaterra vitoriana, colonialista e expansionista.
Uma das influências para a teoria de evolução de Darwin foi a obra Ensaio sobre o Princípio da População, escrita pelo economista Thomas Malthus. Publicada em 1798, a obra defende a impossibilidade do crescimento desenfreado de populações humanas, por conta de fatores limitantes como doenças, guerras, escassez e catástrofes naturais. De caráter determinista, a obra de Malthus influenciou tanto sua época que levou o Parlamento Britânico a elaborar um censo populacional, junto ao País de Gales e Escócia, para estimar o crescimento anual da população existente na Grã Bretanha.
O que Darwin retirou do ensaio de Malthus foi a ideia de que o crescimento de uma população (seja animal ou vegetal) acentua a competição por recursos, e a espécie sobrevivente acaba ampliando suas chances de gerar descendentes. Tal é o coração da teoria da Seleção Natural, lançada em sua obra A Origem das Espécies de 1859.
As lentes da cultura
Todos os artefatos elaborados pelo ser humano são fruto de uma época. Nesse sentido, argumentar sobre a existência de "gênios que estão além de seu tempo" é uma completa falácia, pois estamos todos mergulhados em um tempo e espaço específicos, e interpretamos o mundo mediado pelas lentes de nossa cultura. Desta forma, termos como "luta pela sobrevivência", "perseverança do mais capaz" e "evolução do mais forte" na obra de Darwin, para além de fornecer uma explicação às dinâmicas do mundo natural, mostram a mentalidade à qual o naturalista estava mergulhado quando realizou as suas expedições científicas.
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