Eddie Redmayne como Lili Elbe em "A Garota Dinamarquesa" (2015) - Divulgação / YouTube / Universal Pictures
A Garota Dinamarquesa

Por que Eddie Redmayne se arrepende de ter feito “A Garota Dinamarquesa”?

Ator viveu a pioneira transgênero Lili Elbe, uma das primeiras a passar pela cirurgia de redesignação de gênero

Redação Publicado em 07/08/2022, às 10h00 - Atualizado em 19/10/2022, às 09h44

Em 2015, o ator britânico Eddie Redmayne viveu Lili Elbe no longa-metragem "A Garota Dinamarquesa", dirigido por Tom Hooper. Aclamado pela crítica especializada, o filme rendeu ao artista indicações de Melhor Ator nos mais importantes prêmios do cinema.

Naquele ano, Redmayne foi indicado ao Oscar, Globo de Ouro e SAG Awards após interpretar a pioneira transgênero na produção inspirada na história real de Elbe, uma das primeiras a passar pela cirurgia de redesignação de gênero em todo mundo.

Além da indicação de Melhor Ator no Oscar de 2015, o drama também foi indicado a mais três prêmios naquele ano, chegando a arrecadar mais de 11 milhões de dólares em bilheterias apenas nos Estados Unidos, segundo a Rolling Stone Brasil.

No entanto, não demorou muito para que as críticas chegassem — não apenas de pessoas da comunidade LGBTQ+ e críticos especializados, mas como do próprio protagonista do filme, que enxergou, anos depois, ter aceitado o papel como um “erro”.

Representatividade

Redmayne aceitou o papel como um homem cisgênero personificando uma mulher transexual, uma escolha que gerou uma série de críticas sob o argumento de que um ator trans seria o adequado para a produção.

Quando o filme foi lançado, a escritora trans Carol Grant não poupou sua desaprovação ao elenco, que classificou como “regressivo e que contribuiu para estereótipos prejudiciais” sobre a comunidade trans.

“O que deveria ter sido uma celebração de uma figura transgênero muito complexa e atraente é, em vez disso, transmisógino, e simplesmente um velho misógino em geral”, completou, de acordo com a CNN.

Foi em uma conclusão parecida que o próprio Redmayne chegou alguns anos depois do lançamento de “A Garota Dinamarquesa”, quando contou, em entrevista ao jornal britânico Sunday Times, no final do ano passado, que se arrependia de ter feito o filme.

Lili Elbe, em 1926 / Crédito: Wikimedia Commons/Creative Commons

 

“Não, não aceitaria agora”, respondeu o ator quando perguntado se aceitaria o papel hoje.

“Fiz aquele filme com as melhores intenções, mas acho que foi um erro. [...] A maior discussão sobre as frustrações em torno do elenco é porque muitas pessoas não têm uma cadeira à mesa. Tem que haver um nivelamento, senão vamos continuar tendo esses debates”, afirmou Eddie.

Através de uma adaptação da biografia de biografia de Lili Elbe, o diretor tentou retratar no cinema a importante história, mas acabou deixando de lado um dos pilares essenciais para isso: a representatividade.

Isso fez com que o ator responsável por dar vida à pioneira trans, que passou pela cirurgia inovadora na década de 1930, na Alemanha, demonstrasse arrependimento e, depois, concordasse com as críticas feitas ao longa, ainda que tivesse tido as melhores intenções.

História Cinema filme trans LGBTQ+ Lili Elbe Eddie Redmayne a garota dinamarquesa

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