Apesar de um clássico, o filme representou uma memória triste para os atores, principalmente a protagonista, Judy Garland
Caio Tortamano Publicado em 16/05/2020, às 10h00
O Mágico de Oz é um dos maiores filmes da história do cinema. A linguagem e visual da obra foram significativas para a indústria do cinema da década de 30, já entrando na década de 40. Embora a obra cinematográfica seja cultuada por muitas pessoas, a atriz que viveu Dorothy, Judy Garland, teve motivos de sobra para odiar a os tempos de estúdio.
Embora tenha lançado a carreira de Garland ao estrelato, a atriz tinha apenas 16 anos quando o filme foi gravado, entre 1938 e 1939. Era uma pressão enorme para a jovem, que havia sido educada para ser uma estrela.
Rotina caótica
Com somente 13 anos ela e as irmãs ficaram famosas como o trio As Irmãs Gumm, assinando um contrato com a Metro-Goldwyn-Mayer, a maior produtora de Hollywood na época.
Para os papéis que desempenhava tinha que tomar remédios, seja para controlar seu peso, seu cansaço, ou o que quer que fosse. Não foi diferente durante as filmagens de O Mágico de Oz.
Os diversos compromissos que cumpria para formar um portfólio já na infância fizeram com que Judy se tornou viciada em pílulas para dormir, uma vez que a rotina de gravações, ensaios e testes era extremamente exaustiva.
O mundo para Judy já era, por si só, injusto e agressivo. Assim, ela fazia grande parte das coisas em sua vida por obrigação e pressão contratual, que envolvia sua mãe e empresários. Além disso, teve que passar por uma situação insólita com o diretor do filme, Victor Fleming.
Em certa cena, Dorothy tem que bater no rosto do Leão Covarde. No entanto, ela não conseguia ficar séria durante a cena — assim como todo o resto do elenco, que caiu na gargalhada.
Conforme descrito pelo autor Michael Sragow em Victor Fleming: An American Movie Master, o homem usou um método nada ortodoxo para fazer a menina — em sua primeira grande produção cinematográfica — parar de rir. Fleming puxou Garland de lado, e deu um tapa em seu rosto, deixando a garota assustada e constrangida.
Acidentes de trabalho
Buddy Ebsen interpretava o Homem de Lata originalmente na produção, mas teve que ser substituído depois de passar duas semanas no hospital e mais seis se recuperando em casa. Isso porque a tinta metálica que passava em seu corpo todo (inclusive rosto) tinha pó de alumínio, nocivo de ser inalado. Buddy foi substituído por Jack Haley, que passou a ser pintado com pasta de alumínio, deixando menos pó para ser aspirado.
Além do Homem de Lata, a atriz da Bruxa Má, Margaret Hamilton, sofreu um grave acidente durante as gravações, e teve que ficar seis semanas longe das filmagens. Em determinada cena, a Bruxa deveria cair em um alçapão deixando labaredas para trás. No entanto, para o azar de Hamilton, o fogo começou a sair, mas o alçapão não abriu rápido como deveria. Isso rendeu queimaduras em seu rosto e mãos.
Fantasias malditas
Um dos fortes do filme na época (e que impressionam até hoje) é a qualidade da produção em termos artísticos. Tanto cenários, como músicas e figurinos impressionam os olhos dos mais variados tipos de pessoas.
O problema para os atores Ray Bolger (Espantalho), Bert Lahr (Leão Covarde) e Jack Haley (Homem de Lata) era que a riqueza de detalhes em suas fantasias causava certo espanto para os outros membros da produção. Por isso, muitas vezes eram obrigados a almoçarem sozinhos, já que muitas pessoas se sentiam desconfortáveis.
Por essas e outras, o filme está na memória de diversas pessoas que entraram em contato com a obra. Em alguns deixou cicatrizes emocionais e físicas que jamais puderam ser restabelecidas, como Judy, que morreu prematuramente aos 47 anos devido ao vício em barbitúricos que contraiu nos sets de filmagem.
Fontes: Vanity Fair, Galileu, Mirror UK, CheatSheet, Buzzfeed e Huffpost.
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