Prosperi passou dias lutando contra as difíceis condições da região, e teve que tomar atitudes brutais para encontrar uma saída
Penélope Coelho Publicado em 29/06/2020, às 17h27
O ano de 1994 seria um marco na vida do italiano Mauro Prosperi. Com o objetivo de superar seus limites mais uma vez, o homem sempre foi um grande adepto de maratonas — que ocorriam em condições extremas.
Acostumado a desafiar o próprio limite, o pentatleta sabia que o Deserto do Saara seria o local mais difícil que ele poderia enfrentar. Já aposentado e pai de três crianças, sua esposa não parecia concordar com a decisão do marido. Entretanto, apesar de todos os argumentos contra, Mauro era mesmo apaixonado pela natureza, e assim encarou o desafio.
Tempestade de areia
Aos 39 anos, o atleta italiano participou da conhecida Marathon des Sables, no ano de 1994. O evento consistia em uma corrida com a duração de seis dias e 250 quilômetros, no deserto mais quente do mundo.
Durante o percurso, 80 pessoas estavam competindo, porém, o homem passou a maior parte do tempo correndo sozinho. O quarto dia foi o mais difícil para Mauro, o vento naquele dia já tinha dado alguns sinais de algo pior poderia acontecer, mas, o corredor estava tranquilo porque já havia passado pelos postos de ajuda.
A parte mais dura do desafio tinha acabado de começar, o italiano se viu dominado por uma tempestade de areia que invadiu seus olhos e impossibilitou sua respiração. A força do fenômeno da natureza foi tão grande, que Prosperi teve que se enrolar em um lençol para evitar a dor.
Em decorrência dessa situação inesperada, o atleta acabou ficando desorientado e a tempestade não dava sinais de que iria acabar, foram mais de oito horas esperando, até que a noite caiu.
O homem seguia com esperanças de continuar a corrida, mesmo sabendo que a essa altura ele já não seria o campeão. Tudo mudou quando Mauro finalmente percebeu o que havia acontecido: ele estava perdido.
Dias brutais
Sua primeira atitude ao notar o ocorrido foi urinar em uma garrafa extra, o aventureiro se lembrou dos conselhos de seu avô que serviu na guerra e guardou sua urina enquanto ainda estava bem hidratado, pois sabia que quanto mais claro seu xixi, mais potável estaria o líquido, em caso de necessidade extrema.
Com metade de uma garrafa de água, uma bússola, uma faca, um saco de dormir e um pouco de comida, Mauro conseguiu se manter bem nos primeiros dias. Ele estava calmo e com esperanças de que alguém iria encontrá-lo. O homem chegou até a avistar um helicóptero, no entanto, não conseguiu chamar atenção o suficiente da aeronave.
Depois de dois dias o explorador se deparou com um casebre. O local era um pequeno santuário muçulmano e estava tomado por morcegos. Prosperi não viu outra saída a não ser decapitar o animal, beber seu sangue e depois comer o que havia sobrado.
No mesmo local, o homem acabou tomando a decisão de beber a urina que ele tinha separado no começo dessa saga, na tentativa de se manter hidratado. Nesse momento, Mauro já não sabia mais se seria encontrado.
Com o desespero cada vez maior e a certeza de que iria morrer ali sozinho, o atleta decidiu dar um fim ao seu sofrimento. O homem escreveu um bilhete para sua esposa com carvão e depois tentou tirar a própria vida ao cortar os próprios pulsos.
Entretanto, parecia que não era a hora de Mauro. A tentativa foi falha já que sangue estava grosso e não fluía. Depois desse momento, o italiano recuperou as forças e passou a ver o ocorrido como uma nova chance de viver.
Resgate
O atleta decidiu que era hora de levantar e começar a caminhar pelo deserto em busca de ajuda, no caminho, Prosperi encontrou lagartos e cobras — animais que ele matava para se alimentar.
Caminhando durante horas, cansado e bem magro, depois de oito dias, ele finalmente havia encontrado um sinal de esperança: um pequeno oásis, onde Mauro passou um bom tempo se hidratando. Além disso, ele reparou na existência de pegadas humanas na região e percebeu a possibilidade de que pessoas estivessem próximas.
Dois dias depois ele encontrou uma pequena garota que se assustou com sua aparência: o homem estava cansado e sujo. Logo, Mauro conseguiu encontrar o local onde ficava o acampamento da pastorinha — que pertencia ao povo Tuareg. De imediato o aventureiro foi socorrido no local.
O atleta havia desviado 291 quilômetros do percurso original da prova e estava na Argélia. Depois de 10 dias perdido, Prosperi finalmente conseguiu se comunicar com sua esposa. Mesmo pesando 16 quilos a menos e enfrentando alguns problemas no fígado e no rim, dois anos depois, ele estava completamente recuperado.
Entretanto, sua experiência de quase morte no deserto não foi motivo para abandonar as corridas. Quatro anos depois do fatídico episódio, ele voltou a participar da Marathon des Sables. Dizia que não havia conseguido fechar esse ciclo.
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