Hoje, os restos mortais do guerrilheiro descansam em Cuba, porém durante 30 anos eles estiveram escondidos em um local improvável
Redação Publicado em 29/10/2021, às 09h00
Era 8 de outubro de 1967 quando o grupo guerrilheiro liderado por Che Guevara foi atacado. O revolucionário, capturado e interrogado, foi assassinado por uma rajada de fuzil, aos seus poucos 39 anos. Mas o que aconteceu com o cadáver de um dos homens mais conhecidos e controversos, na época, da América?
O episódio fatal ocorreu no pequeno vilarejo de La Higuera, próximo a Vallegrande, na Bolívia. Depois da execução, o destino do corpo de Che ficou em aberto. Um tratorista e três membros do Exército boliviano ficaram responsáveis pela difícil tarefa de decidir o que aconteceria dali em diante.
"A ordem foi para desaparecer com os restos dele para que não houvesse um lugar de peregrinação", disse um dos generais envolvidos na operação, Gary Prado, em entrevista ao portal BBC. Foi assim que eles decidiram levar o cadáver até Vallegrande.
Em 11 de outubro, dois dias depois do assassinato, os militares carregaram o corpo até o hospital do povoado. E as histórias dessa trajetória são contadas ainda hoje por habitantes da região. A enfermeira Susana Osinaga, que limpou o cadáver, lembrou como os habitantes viam uma semelhança física entre Guevara e Jesus. Segundo ela, em entrevista ao jornal The Guardian em 2007, "Ernesto era como um Cristo, com olhos fortes, barba e cabelos compridos. Era muito milagroso".
Depois da ida ao hospital, foi decidido que Che seria enterrado em uma vala comum próxima a uma pista de aterrissagem na cidade e outros guerrilheiros também foram colocados na mesma cova. O tratorista, os generais e os moradores de Vallegrande assumiram um compromisso: guardar o segredo do local que estavam os restos do revolucionário argentino. E assim permaneceu por 30 anos.
Em 1995, o oficial Mario Vargas Salinas confessou ao biógrafo de Che, o jornalista estadunidense Jon Lee Anderson, o lugar final do comunista. Só depois de dois anos, que foi possível encontrar o corpo, transformando a região exatamente naquilo que o exército temia: uma rota de peregrinação.
Durante o mês de outubro, milhares de pessoas vão até o pequeno vilarejo no intuito de reviver os últimos passos de um dos líderes da Revolução Cubana. O exato local em que o cadáver foi encontrado tornou-se uma espécie de capela, que contém inúmeras homenagens e fotografias. O ex-prefeito da cidade, Alfredo García, até tentou manter os restos no local, mas isso não foi possível.
Assim que descobriram onde o guerrilheiro estava, os cubanos foram imediatamente buscá-lo. Hoje, existe um mausoléu dedicado a Che na cidade de Santa Clara, em Cuba, erguido em sua homenagem.
"Para a gente, é como se Bolívar tivesse passado por aqui. Não se pode tirar Vallegrande de um acontecimento histórico tão importante do século passado”, alegou o ex-prefeito à BBC.
"Essa é a importância dessa gente humilde que por 30 anos guardou esse segredo e cuidou do lugar onde os restos (de Guevara) estavam enterrados", explicou a pesquisadora Adys Cupull ao jornal Granma.
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