O artista que pintou o teto da Capela Sistina e criou dezenas de esculturas também era interessado em uma outra forma de arte
Redação Publicado em 12/02/2023, às 09h00
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni foi um dos mais talentosos artistas do Ocidente, com sua grande vocação sendo a escultura. Uma das mais famosas entre as quase 200 obras-primas de mármore criadas por ele em vida, por exemplo, é a estátua de Davi, o herói bíblico que derrotou o gigante Golias.
O verdadeiro monumento de pedra, que mostra o homem nu, possui mais de 5 metros de altura e pesa mais de cinco toneladas, sendo ricamente detalhado. Foi um projeto que demorou décadas para ficar pronto, mas o produto final sem dúvida demonstra todo o conhecimento artístico de seu criador.
O apreço de Michelangelo pelo ofício da escultura pode ser observado, por exemplo, na maneira poética como o descreveu em uma de suas citações mais célebres:
A escultura já está completa dentro do bloco de mármore antes de eu começar meu trabalho. Já está lá, eu só preciso remover o material extra."
Essa mesma ideia de "libertar" uma estátua de dentro da pedra foi expressa pelo italiano em outros escritos seus.
Ironicamente, todavia, um dos trabalhos que mais contribuiu para a fama do gênio da Renascença é o teto abobadado da Capela Sistina. Os afrescos que ornamentam o local foram encomendadas pelo papa Júlio II, e realizadas a contragosto por Michelangelo.
Mesmo com o artista enfatizando que era escultor, e não pintor, os painéis que pintou durante os quatro anos que trabalhou no templo ficaram impressionantes, com suas técnicas de luz e sombra sendo consideradas vanguardistas para a época — o que sem dúvida serve para provar a versatilidade do gênio.
Essas não foram, todavia, as únicas formas de arte experimentadas pelo renascentista. Uma terceira modalidade, por sua vez, que esteve presente em sua trajetória, mas é menos falada a respeito, é a poesia.
Michelangelo deixou para trás cerca de 200 poemas, principalmente sonetos. A maioria deles teria sido composta pelo gênio após os 60 anos (ele viveu até os 88), mostrando que a idade avançada teria aparentemente acordado sua inspiração literária.
Em muitos desses, aliás, ele fala sobre a aproximação inevitável da morte, e sobre os conceitos que perdem o sentido diante do aspecto finito da existência. Outros temas abordados pelo escultor, segundo repercutido pelo portal História das Artes, são a ideia de "aspiração ao divino", retratada por ele em luz favorável, e as "paixões humanas", que são, pelo contrário, condenadas pelo criador da estátua de Davi.
Um exemplo que foi traduzido ao português por Fábio Malavoglia se chama "Em mim a morte":
"Em mim a morte, em ti a minha vida;
Tu extingues, dás, repartes esse tempo
como queres. Breves e longos são os dias meus.
Feliz estou de tua cortesia concedida.
Bendita a alma, onde não corre o tempo,
Por ti se pôs a contemplar a Deus".
Vale citar que, apesar da existência de vários sonetos compostos por Michelangelo, o homem teria afirmado certa vez que escrever não era para ele: "escrever é muito custoso para mim, e não é a minha arte", relatou, ainda de acordo com o História das Artes.
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