Pagu e Oswald de Andrade - Wikimedia Commons
Brasil

Cerimônia peculiar: Oswald de Andrade se casou com Pagu no Cemitério da Consolação, em São Paulo

O casal, que ingressaria no Partido Comunista Brasileiro, optou por um casório insólito

Fabio Previdelli Publicado em 31/10/2019, às 15h35

Ao lado de Mario de Andrade e outros intelectuais, Oswald de Andrade foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922. Sua personalidade irreverente e combativa fez dele um dos grandes nomes do modernismo literário.

Em 1926, Oswald se casou com Tarsila do Amaral e, assim, os dois se tornam um dos casais mais importantes e influentes da arte brasileira. Juntos, eles fundam o Movimento Antropófago e a Revista de Antropofagia, originários do Manifesto Antropófago — que se inspirava explicitamente em Karl Marx, Freud, Rousseau, Montaigne e André Berton, e que atacava a herança portuguesa e o padre Antônio Vieira.

Oswald de Andrade / Crédito: Wikimedia Commons

Apesar do sucesso ao lado de Tarsila, a união deles durou apenas três anos, terminando em 1929. A personagem por trás da separação? Patrícia Galvão, a Pagu. Ela era muito nova quando conheceu o casal. Encantados com a colegial de batom escuro e atitude desbocada, a jovem de 18 para 19 anos começou a colaborar com a revista criada por eles.

Apesar de, em um primeiro momento, a relação entre Pagu e os dois ser de extrema admiração por parte da jovem, ela não demorou a sucumbir à sedução de Oswald. Mas não era uma sedução física, era uma sedução intelectual, e logo a relação dos dois se transformou em amor e paixão.

Em 5 de janeiro de 1930, os dois trocaram alianças em uma cerimônia discreta — e um tanto quanto bizarra. A escandalosa união foi consolidada em um gesto memorável e excêntrico no Cemitério da Consolação, em São Paulo, diante do jazigo da família do escritor. O gesto serviu para registrar a união perante aos antepassados do noivo.

“Nesta data contrataram casamento a jovem amorosa Patrícia Galvão e o Crápula forte Oswald de Andrade”, registrou o escritor. O ano também marcou a filiação do casal ao Partido Comunista Brasileiro, engajados na luta revolucionária.

Juntos, Pagu e Oswaldo fundaram o jornal O Homem do Povo, no qual Patrícia tinha uma coluna feminista chamada A Mulher do Povo, em que criticava o comportamento das elites e clamava pelo fim da submissão feminina.

Portão principal do Cemitério da Consolação / Crédito: Wikimedia Commons

 

A união deles sobreviveu até 1935. Oswald se casou pela última vez em 1944, com Maria Antonieta D'Aikmin — e durou até o fim da vida do escritor, em 1954. Já Pagu casou-se com o repórter Geraldo Ferraz em 1941 — com quem permaneceu até o ano de sua morte, em 1962.  

São Paulo Casamento cultura Semana de arte moderna Tarsila do Amaral Oswald de Andrade Pagu cemitério da Consolação escritores

Leia também

Há 90 anos, morria o ilustre cientista Carlos Chagas


Ainda Estou Aqui: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme


O Exorcista do Papa: O que aconteceu com o padre Gabriele Amorth?


Relação tempestuosa e vida reservada: Quem é Vivian Jenna Wilson, filha de Elon Musk


Confira 5 gladiadores que ficaram famosos no Império Romano


Anticítera: Relembre o estudo que desvendou a máquina engimática