Em uma histórica operação de deslocamento, Abu Simbel foi transportado em projeto milionário
Wallacy Ferrari Publicado em 08/02/2022, às 16h06 - Atualizado em 21/03/2022, às 12h01
Alguns dos principais templos do Egito Antigo, datados do século 8 a.C., são um marco histórico; reencontrados em 1813, os dois templos de Abu Simbel surpreendem pelo excelente estado de conservação.
Contando com esculturas enormes os deuses do sol Re-Horakhte e Amon-Re, e do faraó Ramsés II junto de outras representações menores da esposa Nefertari e dos filhos dos faraós, seus dois complexos em meio ao deserto de Núbia esbanjam grandeza.
A estrutura não apenas chamava atenção pela riqueza de detalhes, mas estava localizada em um local privilegiado, próximo ao rio Nilo — pelo menos, até um alerta da UNESCO em março de 1960.
Com o governo egípcio organizando a construção da barragem de Aswan no rio, o risco de uma queda d’água inundar a estrutura poderia ser eminente.
Com isso, a ‘Campanha Núbia’ começou a ser desenvolvida para encontrar possíveis soluções para não atingir a obra que encanta.
Em meio ao deserto, possíveis bloqueios ou buracos ao redor não eliminariam o risco em caso de quebra da barragem, concluindo que a melhor possibilidade para manter a integridade da estrutura seria, justamente, tirá-la daquele local.
Para realocar a estrutura para um novo local, a equipe de engenharia coordenada pela UNESCO concluiu que as estruturas não deveriam ser levadas para tão longe, apenas remontadas em um local mais afastado do rio Nilo e mais alto, para que não fosse inundadas.
Dessa maneira, o ponto escolhido estava a 200 metros do local original, mas em uma montanha que o situava 65 metros mais alto.
Contudo, a ausência de rigidez devido à deterioração dos templos ao longo dos séculos impossibilitou o transporte da estrutura por completo, tendo de ser modulada em peças, retiradas por pedaços.
Alguns deles chamaram atenção pela meticulosidade, como cabeças de estátuas enormes, que foram cortadas para que não perdessem características originais e retiradas com andaimes.
Com a conclusão sobre a melhor alternativa, o projeto foi aplicado a partir de abril de 1964, perdurando ao longo dos quatro anos seguintes e acarretando em aproximadamente US$ 36 milhões em gastos com a operação, bancados pela UNESCO.
Em setembro de 1968, a arriscada operação foi concluída com sucesso, e pode ser visitada até os dias atuais.
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