No último mês, cientistas identificaram os artefatos de dois navios que afundaram nos séculos 14 e 18 perto da Ilha de Pedra Branca
Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/07/2021, às 09h00
Cientistas demoraram seis anos para conseguir identificar e catalogar todos os artefatos que estavam submersos no mar que banha a Ilha de Pedra Branca, no leste de Cingapura. Debaixo d’água, mergulhadores encontraram, em 2015, dois importantes naufrágios, segundo a revista Galileu.
Embarcações afundadas sempre geram curiosidade tanto na comunidade científica quanto no público interessado nos presentes do passado que são descobertos na atualidade. Não demorou muito para que os naufrágios conseguissem a atenção que requeriam.
Assim que ficaram sabendo da descoberta, os especialistas do Conselho do Patrimônio Nacional de Cingapura e do Instituto Yusof Ishak ISEAS começaram as investigações subaquáticas com o objetivo de trazer o carregamento dos navios para a superfície.
O que eles encontraram foi impressionante: ambos guardavam itens raros feitos de cerâmica, além de artefatos antigos. Como relatou o portal Phys, a identificação dos objetos poderá ajudar os pesquisadores a entender o patrimônio marítimo da nação, que é um importante centro comercial há séculos.
A equipe de pesquisadores responsável por coletar o que estava dentro dos navios foi surpreendida com a quantidade e qualidade do que havia sido descoberto. Dentro do primeiro naufrágio, estavam cerâmicas chinesas raras.
“Além de uma grande carga de artigos verdes Longquan e outras cerâmicas, ela carregava mais porcelana azul e branca da dinastia Yuan do que qualquer outro naufrágio documentado no mundo”, explicou Michael Flecker, diretor de projetos de Projetos de Arqueologia Marítima do ISEAS.
A embarcação foi responsável pelo maior carregamento da dinastia Yuan, que durou entre os anos 1271 e 1368, já encontrado. O especialista ainda ressaltou: “Muitas das peças são raras e acredita-se que uma seja única”.
“Surpreendentemente, o primeiro naufrágio antigo encontrado nas águas de Cingapura parece ser contemporâneo do Temasek [antigo nome de Cingapura] do século 14”, afirmou Flecker.
O segundo naufrágio foi encontrado durante as expedições submarinas do primeiro, que foi descoberto ao acaso, quando mergulhadores se depararam com placas de cerâmica em 2015.
Além das cerâmicas, a embarcação guardava artefatos variados, que iam de objetos feitos de vidro a âncoras. Instrumentos de percussão, itens de ágata, e nove canhões foram encontrados, que inclusive serviam para sinalização e defesa bélica.
Os pesquisadores acreditam que o naufrágio em questão era o navio mercante Shah Munchah, construído na Índia que afundou durante o trajeto da China para o seu país natal, em 1796.
“Grande parte de sua carga chinesa teria sido transbordada na Índia para a próxima viagem à Grã-Bretanha. Se ela tivesse sobrevivido mais 23 anos, quase certamente teria feito escala no restabelecido porto de Cingapura”, ressaltou Flecker.
A região de Cingapura é, há muito tempo, um importante centro comercial. Lá, passam rotas marítimas globais significativas, que ligam o Oceano Índico ao Mar do Sul da China em caminhos usados por navios mercantis.
A partir da descoberta, será possível entender os produtos que passaram pela nação insular antes da colonização britânica em 1819, já que o Império Britânico cresceu a partir do comércio da Companhia das Índias Orientais entre os séculos 18 e 19.
Irmãos Menendez: O que aconteceu com a advogada de Lyle e Erik?
Dia do Teatro: Os Impactos do capitalismo na cultura e sociedade do século 21
Irmãos Menendez: Como os familiares de Lyle e Erik enxergam o caso?
Há 5 mil anos: Confira a última refeição feita por Ötzi
Irmãos Menendez: Veja o que aconteceu com as figuras mostradas na série
Irmãos Menendez: O que aconteceu com o psicólogo de Lyle e Erik?