Embora o chamado Correio-Mor tenha chegado ao Rio de Janeiro no começo de 1663, os selos só vieram muito tempo depois
Redação Publicado em 22/08/2021, às 09h00
O primeiro selo brasileiro foi criado em 1843, quase 200 anos após a criação do serviço dos correios. Até o período da Regência, a entrega das correspondências era feita principalmente por escravos. Em 1835, o correio da Corte passou a fazer a entrega de correspondências a domicílio. Até então, o serviço funcionava apenas para estabelecimentos registrados, que pagavam uma anuidade.
Até os selos entrarem em uso, se pagava um mensageiro para fazer a entrega e ele cobrava do destinatário. Mas havia dois problemas: quem recebia podia ler a carta e se recusar a pagar. Ou o mensageiro recebia e era assaltado na volta”, afirmou o comerciante filatélico Leão Marek.
O sistema mudou em 1841, depois que dom Pedro II, inspirado pelo primeiro selo do mundo, o penny black britânico, aprovou uma reforma postal. A inovação permitia maior controle sobre os pagamentos.
Em 1843, o Brasil se tornou o segundo país a incorporar a medida nacionalmente — no mesmo ano, Zurique lançou um selo regional —, quando entrou em vigor o Olho de Boi, assim chamado pelo desenho oval. Disponíveis nos valores de 30, 60 e 90 réis, eram desenhados a pena e depois reproduzidos. Para usar, era necessário recortar e colar os selos, que ainda não vinham picotados.
Dom Pedro II determinou que os primeiros selos não fossem estampados com sua efígie — achou que seria indigno ter o rosto carimbado. Posteriormente, o monarca mudou de ideia, mas os primeiros selos traziam apenas cifras. O selo de 30 réis deveria ter uma primeira impressão de 6 mil unidades, mas a tiragem final foi de 1 148 994.
Servia para distâncias curtas, dentro de uma mesma cidade. Hoje, um exemplar é avaliado em R$ 10 mil. O Olho de Boi de 60 réis teve como tiragem final 1,5 milhão de selos e é, atualmente, considerado o menos valioso dos três modelos. Era usado para distâncias médias, entre províncias.
O selo de 90 réis, usado para distâncias mais longas, teve uma impressão de 349 182 exemplares. Desses, 18 mil foram enviados para a Bahia, província que recebeu o maior volume de selos. Para correspondências despachadas para outros países, via navio, era necessário usar vários selos, de acordo com o peso do pacote e o trajeto. É hoje o mais raro dos Olhos de Boi, podendo valer mais de R$ 15 mil.
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