A comunidade indígena está ao centro de uma série de eventos perturbadores
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/05/2022, às 08h14 - Atualizado às 08h15
Júnior Hekurari Yanomami, que ocupa o cargo de presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), usou as redes sociais para publicar um vídeo chocante no último dia 25 de abril.
Na gravação, o representante dos yanomami, povo indígena que vive em terras demarcadas na região de Waikás, em Roraima, afirma que uma menina nativa de apenas 12 anos faleceu após ser estuprada por garimpeiros.
Júnior ainda relatou que, durante a confusão, uma outra criança teria caído no rio e tenha desaparecido:
A adolescente estava sozinha na comunidade e os garimpeiros chegaram, atacaram e levaram ela para as barracas deles. A tia dela defendeu [a sobrinha]. Quando estava defendendo, os garimpeiros empurram ela em direção ao rio junto com a criança [filha da mulher]. Essa criança se soltou no meio do rio, acho que estava em um barco", explicou ele no vídeo, segundo repercutido pelo g1.
A denúncia perturbadora rapidamente foi repercutida pelas manchetes brasileiras, provocando indignação ao redor do país.
O caso infelizmente, apenas piorou: isso porque, quatro dias mais tarde, em 29 de abril, autoridades de visita à aldeia indígena a descobriram completamente deserta. Anteriormente, por volta de 30 pessoas moravam lá.
Após a publicação da denúncia, uma série de oficiais da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Funai foram até o local onde o crime teria ocorrido.
A apuração inicial realizada pelos órgãos, no entanto, não teria encontrado sinais nem do suposto estupro, nem da criança desaparecida, conforme reportado em um comunicado conjunto no dia 28.
"Diligências demonstraram a necessidade de aprofundamento da investigação, para melhor esclarecimento dos fatos", dizia a nota.
Na manhã seguinte, contudo, a situação da aldeia yanonami mudaria drasticamente: ela foi encontrada deserta. A única indicação do que teria ocorrido ali eram os restos chamuscados de casas queimadas, como é possível visualizar no vídeo abaixo.
🆘️🆘️ URGENTE!!!
— CLÁUDIA FEREEIRA ATIVISTA POL. AMB.E INDÍGENA. (@ClaudiaBahia_13) April 29, 2022
Lider Yanomami denúncia desaparecimento da comunidade ARACAÇA onde criança indígena Yanomami foi violentada sexualmente e morta por GARIMPEIROS @STF_oficial @ptbrasil @LulaOficial @brunogarci @LSabatella @UOLNoticias @andretrig @JYanomami#SOSYanomami pic.twitter.com/NrygOVK8ML
O desaparecimento dos indígenas gerou revolta nas redes sociais, com centenas de brasileiros fazendo a pergunta de "Cadê os Yanomamis?". A mobilização contou com a participação de celebridades como o DJ Alok, a cantora Anitta e o comediante Whindersson Nunes.
CADÊ OS YANOMAMI???
— Alok (@alokoficial) May 3, 2022
Uma menina de 12 anos foi estuprada por garimpeiros e faleceu. Após a denúncia feita pelos Yanomami, a aldeia foi incendiada e o povo desapareceu. pic.twitter.com/HfffPY0TZQ
— Anitta (@Anitta) May 4, 2022
Todo dia meus casa indígena reclamando do extermínio do seu povo nas redes sociais, uma comunidade toda sumiu (25 pessoas), tiveram a aldeia queimada depois de denunciarem o estupro de uma criança de 12 anos.
— Whindersson (@whindersson) May 2, 2022
Consigo aguentar minhas dores, mas doi mto acompanhar a dor do amigo..
As terras indígenas de Roraima são alvo garimpo ilegal desde a década de 80, ainda de acordo com informações do g1, porém a situação tem se intensificado ao longo dos anos, o que causa o desmatamento e poluição da floresta e rios em terras demarcadas.
A exploração dos nativos por parte de garimpeiros, por sua vez, não é nenhuma novidade. Algumas semanas antes da denúncia do estupro da garota de 12 anos, o Ministério Público Federal havia reportado que garimpeiros estavam solicitando favores sexuais de mulheres e meninas yanonamis em troca de comida.
O órgão inclusive fez um pedido junto à Justiça para que fossem adotadas medidas capazes de proteger as reservas do povo indígena das operações ilegais de garimpo, tais como "operações de fiscalização, construção de bases de proteção etnoambiental e mudanças nos procedimentos adotados por órgãos fiscalizadores".
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