Após o bárbaro crime, além os pais, o jovem de futuro promissor também foi afetado com a perda da irmã e de seus dois melhores amigos
Fabio Previdelli Publicado em 20/02/2020, às 16h48
Apesar de ser tímido e recluso, Andreas von Richthofen tinha um futuro promissor. Originário de uma família rica, estudava nas melhores escolas e se destacava por sua inteligência ímpar. Entretanto, o destino do garoto começou a mudar no dia 3 de julho de 1999, dia de seu 12º aniversário.
Na ocasião, ele foi presenteado com um avião de aeromodelismo, o que se tornaria uma paixão do garoto. Sua primeira experiência com a modalidade ocorreu no Parque do Ibirapuera, sob a tutela de Daniel Cravinhos de Paula e Silva.
As aulas do garoto passaram a ser acompanhadas de perto por sua irmã Suzane, que foi designada pelos pais para tal função. Com o passar do tempo, a paixão de Andreas pelo aeromodelismo crescia, assim como o de Daniel por Suzane.
Anos depois, no fatídico 31 de outubro de 2002, o bárbaro assassinato que chocou o Brasil não vitimou apenas o casal Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen. Andreas também foi muito afetado, afinal, além dos pais, ele perdera também a irmã e seus dois melhores amigos.
Após poucas visitas a Suzane, nos primeiros dias de seu cárcere, ele deixou de visitá-la e passou a enxergá-la como ela realmente era: uma assassina manipuladora que tinha interesse apenas no bem próprio e no dinheiro da família.
Depois de sofrer calado por anos, Andreas decidiu entrar em contato com a criminosa, conforme explica Ullisses Campbell no livro Suzane – Assassina e Manipuladora, publicado pela Editora Matrix:
“- Oi! Tudo bem?
- Tudo e você? – respondeu ela.
- Tudo ótimo! Me fala uma coisa: você é quem eu estou pensando?
- Depende! Quem você pensa que eu sou?
- Huuuuum. Não vou falar nomes — escreveu o interlocutor, enigmático.
- Se você tem o número do meu celular, deve saber quem sou eu! — ponderou Suzane.
- Tenho dúvidas. Vou fazer uma pergunta. Se acertar a resposta, você é quem eu estou pensando.
- Então Faça!
- Qual o nome do cachorrinho que nós tivemos quando éramos crianças?
Suzane caminhava pelas ruas de Angatuba e levou um choque quando descobriu que do outro lado do celular estava Andreas, o seu irmão”.
Após 15 anos, desde que se viram pela última vez no pátio da Penitenciária Feminina da Capital, Andreas finalmente tomou coragem para retomar contato com a irmã. Como Suzane estava em regime semiaberto e não poderia deixar Angatuba durante as chamadas ‘saidinhas’, eles combinaram que o irmão mais novo sairia de São Paulo e viajaria até o município vizinho de cerca de 20 mil habitantes.
Com 29 anos, na época, Andreas possuía uma carreira promissora: ele havia terminado a graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade de São Paulo e realizado doutorado em Química Orgânica pelo Instituto de Química pela mesma instituição.
“Ansiosa, Suzane arrumou a casa e mandou preparar um almoço especial, mas Andreas não apareceu. O jovem chegou a pegar a Rodovia Raposo Tavares rumo a Angatuba para encontrar a irmã. No entanto, extremamente emocionado, sem coragem e abalado psicologicamente ao remoer o passado trágico da família, Andreas voltou no meio do caminho sem dar qualquer explicação para a irmã assassina”, relata Campbell.
Segundo relatado no livro: “De lá, seguiu para um hospital psiquiátrico com a roupa toda rasgada e ferimentos pelo corpo. Na época, foi noticiado que Andreas foi resgatado da Cracolândia, a famosa zona de comércio livre de drogas do Centro de São Paulo. Andreas, porém, nunca esteve lá”.
Após o episódio, Suzane foi aconselhada a não procurar mais o irmão. Anos atrás, Andreas já havia registrado uma queixa contra ela por perseguição, já que ela havia matado os pais para ficar com a herança da família e ele acabou ficando com tudo.
“Uma tentativa de reaproximação poderia caracterizar ameaça, já que Suzane é hoje a única herdeira do irmão. Os dois nunca mais se falaram”, escreveu Ullisses Campbell.
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