O Pacífico: Como a série se distancia da história na qual foi baseada?

Chegada ao catálogo brasileiro da Netflix na última sexta-feira, 15, e já um sucesso entre os assinantes da plataforma de streaming, "O Pacífico" é uma minissérie ambientada na Segunda Guerra Mundial. 

A produção acompanha 3 fuzileiros navais — Leckie, Sledge e John Basilone — à medida que eles lutam contra as tropas japonesas através de diferentes ilhas do Pacífico. Os eventos mostrados através dos dez episódios tem como pano de fundo as batalhas reais pelo controle de Guadalcanal, Iwo Jima e Okinawa.

Além disso, segundo repercutiu o portal Screen Rant, a produção contou com duas fontes de inspiração direta: "Helmet For My Pillow", o livro de memórias de Robert Leckie a respeito do conflito; e "With the Old Breed", outra obra escrita de teor autobiográfico, essa de autoria de Eugene B. Sledge.

Apesar da preocupação da minissérie com a verossimilhança, a ponto de não haver censura dos muitos momentos sangrentos que caracterizaram as batalhas do exército norte-americano contra os japoneses nos territórios orientais, "O Pacífico" ainda é uma produção fictícia, de forma que existem pontos em que diverge da realidade. Abaixo, veja alguns desses! 

1. Sadismo e cadáveres 

Embora a produção inclua algumas cenas em que os cadáveres de militares japoneses são profanados pelos soldados estadunidenses, a prática não é nem de longe tão explorada quanto nos livros que serviram de base para os episódios. 

O tenente Robert MacKenzie, em particular, apelidado de Mac, é um personagem particularmente sádico. Ele aparece também na minissérie, mas seu tratamento dos inimigos mortos é deixado de fora. 

Ainda de acordo com o ScreetRant, o tenente tinha diversos hábitos neste sentido, urinando na boca de cadáveres ou criando jogos em que tentava disparar contra partes específicas de um corpo já desfalecido. 

2. Escovão e órgãos sexuais 

Outro acontecimento relacionado a um personagem secundário que aparece em "O Pacífico" diz respeito ao sargento Gunny Haney, que é um dos militares estadunidenses mais velhos da divisão onde estão os protagonistas. 

O homem, que serviu também durante a Primeira Guerra Mundial, é repleto de hábitos excêntricos. Um deles que acabou não sendo retratado na produção se refere à higiene pessoal de Haney. 

Em uma ocasião relatada por Sledge, enquanto todos tomavam banho, o veterano foi visto usando um escovão de limpeza para higienizar sua zona íntima. O objeto, vale destacar, possuía cerdas duras, sendo geralmente utilizado para esfregar o chão ou lonas. 

Cerca de uma dúzia de substitutos nus e ensaboados, inclusive eu, olhavam com olhos arregalados de espanto e estremeciam quando Haney segurava seus órgãos genitais com a mão esquerda enquanto os esfregava com uma 'escova GI', da mesma forma que alguém lustra um sapato", relembrou Sledge em sua obra. 

3. Aliados improváveis 

Ainda conforme narrado por Leckie em "Helmet for My Pillow", um grupo de aliados improváveis conseguidos pelo exército norte-americano consistiu nos crocodilos do rio Tenaru, situado na ilha de Guadalcanal. 

Os répteis foram atraídos pelos cadáveres abandonados no corpo d'água, e, ao perceberem sua utilidade, os soldados estadunidenses apenas deixaram os animais vagarem pelo local. 

Nunca atiramos nos crocodilos porque os considerávamos uma espécie de 'patrulha fluvial'. Eles pareciam passear diariamente pelo Tenaru. Nenhum inimigo, pensávamos, ousaria nadar no rio com eles nele; nem teria sucesso se ousasse", explicou Leckie.