Paul Alexander possui um recorde no Guinness Book por sobreviver com o auxílio da curiosa máquina durante mais de 70 anos
Ingredi Brunato Publicado em 30/03/2023, às 15h27 - Atualizado em 14/03/2024, às 18h23
Em 1952, o norte-americano Paul Alexander, que faleceu na última segunda-feira 11, teve sua vida mudada para sempre. Na época, ele tinha apenas 6 anos e os Estados Unidos viviam um surto de poliomelite, uma grave doença causada pelo poliovírus.
Vale destacar que a maioria das pessoas contagiadas não chega a ficar doente, contudo, aqueles que adoecem podem desenvolver paralisia dos músculos e, consequentemente, vir a óbito.
Atualmente, a poliomelite está erradicada na maior parte do mundo graças à invenção de uma vacina em 1955. Infelizmente para Alexander, ele foi infectado poucos anos antes deste antídoto, quando a doença ainda era uma sentença de morte para muitas crianças como ele.
Em seu estado avançado, por exemplo, ela pode impedir o paciente de conseguir mover os músculos do peito, assim tornando-o incapaz de respirar. Foi nesse estágio que Paul chegou antes de ser salvo por uma curiosa máquina conhecida como "pulmão de ferro" ou "pulmão de aço", que não apenas permitiu que sobrevivesse à sua infância, mas continuou mantendo-o vivo durante mais de 70 anos.
Aos 77 anos, ele carregou um recorde do Guinness Book como a pessoa que viveu por mais tempo respirando com o auxílio do instrumento.
Ele teve febre e calafrios após sair na chuva para brincar com seu irmão durante uma tarde de verão, mas logo esses sintomas que podiam ser confundidos com os de um simples resfriado deram lugar ao intenso cansaço e dores musculares típicas da pólio.
"Quando minha mãe viu meu rosto, ela soube. Eu não sei como", relembrou Paul em uma entrevista ao portal do Guinness Book, o Livro dos Recordes, no início de 2023.
Assim como ocorria com muitas outras vítimas do vírus, a saúde do estadunidense foi se deteriorando rapidamente, fazendo com que ficasse permanentemente de cama e incapaz de falar.
A devastadora epidemia lotou os hospitais do país com jovens pacientes, fazendo com que os médicos da época não dessem conta de atender a todos. Dessa forma, foi apenas após o menino começar a ter dificuldades de respirar e engolir que sua família não teve escolha senão recorrer à internação.
"A equipe do hospital me colocou em uma maca em um longo corredor com todas as outras crianças desesperadas com pólio. A maioria delas estava morta", contou Alexander, segundo o HealthDay.
Paul apenas saiu do hospital com vida devido à intervenção de um médico que lhe submeteu a uma traqueostomia (em que é feito um corte na traqueia do paciente) e o colocou num pulmão de aço.
Essa máquina de aparência incomum cobre o corpo inteiro, criando um ambiente de pressão negativa em que não é preciso fazer tanta força para encher os pulmões.
Mesmo após ter sido salvo, porém, o norte-americano ainda parecia estar vivendo um pesadelo: ele acordou de sua cirurgia muito dolorido e sem conseguir falar, tudo isso em meio à ala das crianças com pulmões de ferro, onde muitas choravam e gritavam.
Felizmente, a recuperação de Paul Alexander não pararia por aí. Dois anos mais tarde, ele contaria com a ajuda de um fisioterapeuta que o ensinou a chamada "respiração de sapo", em que o indivíduo, em vez de inspirar, engole o ar, ainda de acordo com o Guinness Book.
Esse método diferenciado de respiração, portanto, usa os músculos da garganta para levar o oxigênio para os pulmões, e não os do peito e diafragma, o que se mostrou uma alternativa valiosíssima para Alexander.
Empregando a respiração de sapo, ele conseguiu começar a sair do confinamento de seu pulmão de aço durante os dias, precisando voltar apenas à noite (pois o ato de engolir oxigênio é consciente, não podendo ser praticado enquanto a pessoa está dormindo).
Foi assim que Paul conseguiu recuperar uma parte da normalidade, terminando seus estudos e se formando em Direito, ao que se tornou um bem-sucedido advogado com um escritório próprio.
A história de superação do norte-americano, que passou de uma criança com pólio à beira da morte para um adulto respeitado em sua comunidade, foi descrita por ele no inspirador livro de memórias "Três Minutos para um Cachorro".
O título é uma referência à promessa que seus pais lhe fizeram quando estavam tentando motivá-lo a fazer a respiração de sapo. Confira abaixo um vídeo que mostra uma entrevista com o estadunidense:
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