A construção só foi doada à nação após ser dada de presente por Cecil Chubb
Fabio Previdelli Publicado em 18/02/2021, às 17h28
Stonehenge é, sem dúvida alguma, um dos monumentos mais intrigantes e belos da humanidade. Segundo estimam arqueólogos, ele foi construído entre 3.000 a.C. e 2.000 a.C., e, ainda hoje, sua origem é um mistério, já que diversos estudos tentam desvendar qual povo foi responsável por sua construção.
A formação das pedras também é uma incógnita que permanece nos dias atuais, afinal, qual o verdadeiro intuito da construção?
Muitos especulam que Stonehenge possa ter sido um centro de cura, para onde peregrinos iam durante suas longas viagens. Outros acreditam que o local pode ter surgido como um cemitério para famílias de elite.
Apesar disso tudo, sua função mais aceita, se é que podemos chamar assim, credita ao monumento o 'poder' de determinar, com exatidão, a ocorrência de datas significativas, como os solstícios e equinócios, eventos que anunciam as mudanças de estações, o que é fundamental para atividades de agricultura.
Porém, por mais que o monumento receba milhões de visitantes por ano, em tempos sem pandemia, obviamente, poucos sabem que a construção já fez parte de uma história de amor do século 20. Mas, antes disso, precisamos voltar umas décadas no tempo.
Stonehenge, a propriedade privada
No século 16, Stonehenge era uma propriedade privada, mudando de dono por várias vezes. Tudo começou quando o rei Henrique VIII adquiriu a Abadia de Amsbury e suas terras vizinhas.
Em 1540, ele deu essas terras ao conde de Hetford, que por sua vez, depois de alguns anos, passou para o Lord Carleton e depois para o Marquês de Queensberry, até que, em 1824, a família Antrobus de Cheshire comprou a propriedade.
Os Antrobus ficaram com a posse de Stonehenge até meados da Primeira Guerra Mundial, quando o último herdeiro da família foi morto em um conflito na França, em 1915. Depois disso, o local foi leiloado por agentes imobiliários da Knight Frank & Rutley, de Salisbury.
Assim, no dia 21 de setembro daquele ano, o monumento foi incluindo no Lote 15, que possuía cerca de 30 acres de terra. Na ocasião, a área foi comprada por Sir Cecil Chubb por 6.600 libras.
Hoje, esse valor, segundo correção monetária, estaria em torno de 532.800 libras, algo que bate a casa dos 4 milhões de reais. E é aqui que nossa história de amor começa.
Propriedade à minha amada
No finalzinho de 2018, pouco antes do Natal, um livro que pertence a um museu em Wiltshare revelou um presente que poucos pensariam em receber nessa época do ano, mas que, sem dúvida alguma, foi muito mais valioso historicamente do que o desejo mais ambicioso pudesse imaginar: era uma carta escrita por Sir Cecil Chubb.
Na missiva, Sir Cecil escreveu que foi “difícil se desfazer de tal posse”, porém, reitera que “fez a coisa certa”: doá-la ao país. O diretor do museu, David Dawson, ficou extremamente feliz com a “descoberta emocionante”.
A história de Stonehenge diz que, quando Sir Cecil comprou o terreno pertencente à família Antrobus, ele queria presentear sua amada. Parecia o presente ideal, afinal, quem não gostaria de ganhar um presente igual Stonehenge?
Pois bem, conforme repercutido pela Smithsonian em matéria de 2015, a esposa de Chubb não teria gostado da ideia (provavelmente pelo valor). O desprezo foi tanto que cerca de três anos depois, ele se desfez da propriedade, doando-a a nação.
E é justamente sobre esse ato que a carta fala. Nela, Sir Cecil agradece ao ex-presidente da Sociedade de Arqueologia de Wiltshire por seu “apreço pela minha doação de Stonehenge à nação”.
Em seguida, ele escreveu: "As numerosas cartas que recebi, entre elas algumas de grandes homens de Wiltshire, mostram-me que, embora fosse difícil me separar de uma posse como o querido e velho Stonehenge, fiz a coisa certa ao passar para sempre de propriedade privada à custódia da nação este grande monumento antigo".
Sobre o ato, ele se diz honrado. “Naturalmente, estou muito orgulhoso de que um homem de Wiltshire estivesse destinado a dar isso ao país”. Para Dawnson, a carta oferece uma “visão fascinante” do presente e agradece ao acaso por ela ter “sobrevivido” com ao passar do tempo.
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