Quando Brian Lee Hitchens percebeu a gravidade da covid-19, era tarde demais para mudar o destino de sua esposa no ano passado
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 03/04/2021, às 08h00
A despeito dos efeitos devastadores do surto global de coronavírus serem mensuráveis e muito concretos, do início da pandemia para cá não foi difícil ouvir histórias de pessoas que minimizavam os perigos oferecidos pelo vírus, e em alguns casos até chegavam a negar sua existência completamente.
E, embora o surgimento de teorias conspiratórias seja um fenômeno comum relativo a acontecimentos que produzem perplexidade, nesse caso essas inverdades levaram alguns a abandonarem medidas fundamentais para a contenção da covid-19, como o uso de máscaras e a realização do distanciamento social em locais públicos, além da própria quarentena.
Foi esse o caso do norte-americano Brian Lee Hitchens, de 45 anos, que teve sua história contada em uma reportagem da BBC do ano passado. As fake news com as quais ele teve contato o fizeram deixar de prevenir-se em relação à doença. Então, ele e sua esposa Erin foram infectados.
Trabalhando como taxista, o estadunidense prosseguiu realizando as viagens de seus clientes normalmente quando a pandemia começou, sem preocupar-se em usar máscaras. "Achamos que o governo o estava usando para nos distrair. Ou que tinha a ver com o 5G”, contou ele ao veículo em julho, quando sua esposa estava entubada.
Em maio, todavia, quando Brian e Erin foram diagnosticados com covid-19, ficou claro que a doença era muito real. Experimentar seus sintomas em primeira mão permitiu ao norte-americano ter os olhos abertos para a gravidade da pandemia.
O taxista ainda contou à BBC em 2020 que suas crenças equivocadas o haviam prevenido de não ter buscado ajuda mais cedo: ele e sua esposa passaram vários dias em casa antes de finalmente irem ao hospital.
Foi nesse ponto que decidiu usar sua conta no Facebook com o objetivo de impedir outros de serem enganados pelas mesmas teorias conspiratórias que o levaram a ser contaminado.
"Se você tiver que sair [de casa], use a sabedoria e não seja tolo como eu, para que a mesma coisa não aconteça com você como aconteceu comigo e com minha esposa (...). Por favor, ouça o que as autoridades e os especialistas têm a dizer", escreveu Brian na época.
Infelizmente, era tarde demais para mudar as decisões tomadas pelo norte-americano quando ele ainda não acreditava na crise do coronavírus: Enquanto Brian foi capaz de se recuperar após alguns dias na unidade de cuidado intensivo do hospital mais próximo de sua casa, o estado de saúde de sua esposa foi se deteriorando cada vez mais.
Então, em agosto, o pior aconteceu: Erin, que já lidava com outras condições, como a asma, acabou falecendo em decorrência de problemas cardíacos gerados pelo vírus.
A reportagem da BBC também falou com um porta-voz do Facebook para entender como a rede social estava lidando com a circulação de informação falsa durante a pandemia, de forma a prevenir que mais casos como o de Brian ocorressem.
"Não permitimos desinformação prejudicial em nossas plataformas e, entre abril e junho [de 2020], removemos mais de sete milhões de informações incorretas da Covid-19, incluindo alegações relacionadas a curas falsas ou sugestões de que o distanciamento social é ineficaz”, alegou o funcionário da plataforma, segundo repercutido pelo veículo.
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