A trajetória de brutais assassinatos do criminoso alemão acabou na guilhotina — em um espetáculo sinistro
Alana Sousa Publicado em 19/12/2020, às 06h00
Era 17 de junho de 1939, cidade de Versalhes, França. A multidão se preparava pra assistir um ato macabro: a última execução pública que aconteceria no Ocidente.
Até aquele momento a guilhotina tinha sido parte de momentos cruciais da história francesa, colocando fim na monarquia e levando à morte uma de suas condenadas mais relevantes, a rainha consorte Maria Antonieta.
Nessa ocasião, porém, o sentenciado era bem menos famoso, mas nem um pouco um injustiçado. Seu nome era Eugen Weidmann, um assassino alemão acusado de cinco homicídios motivados por dinheiro.
Apesar disso, se considerarmos o consenso médico, sua morte seria piedosa; a guilhotina é considerada por especialistas uma forma indolor e instantânea de executar alguém.
Assassino cruel
Nascido em 1908, no território que hoje é Frankfurt, o homem começou a cometer seus primeiros atos ilegais enquanto a Primeira Guerra destruía grande parte do mundo, levando à morte milhares de pessoas. Pela acusação de roubo Eugen, ainda jovem, ficou cinco anos na prisão, mas saiu ainda pior.
Em parceria com Roger Million e Jean Blanc, ele teve uma nova ideia que prometia trazer o que a gangue mais queria: dinheiro. Assim, com a liderança de Weidmann, o trio sequestrava turistas que estavam visitando a França e atiravam na nuca das vítimas antes de levarem qualquer objeto que pudesse ser valioso, quantias de francos, joias, carro, relógios.
Assim se seguiu com cinco pessoas, uma dançarina, um motorista, uma enfermeira, um produtor teatral e um corretor imobiliário. Em todas as ocasiões, o grupo de criminosos atraía as futuras vítimas com alguma desculpa de oferta de emprego, assim dirigiam para um local afastado, matavam-nas e enterravam o corpo.
Entretanto, a carreira criminal de Eugen foi curta. Os rastros deixados alertaram policiais que rastrearam um cartão de visita até a casa de Weidmann. Ele resistiu à prisão e atirou contra os oficiais, os homens conseguiram imobilizar o assassino com um martelo e o levaram sob custódia.
Para a surpresa das autoridades, o homicida cooperou e confessou todos os crimes, o que facilitou também sua condenação. O julgamento foi um dos mais comentados da época, com a cobertura intensa dos jornais parisienses. De toda a gangue, Eugen foi o único a receber a pena de morte, que foi aguardada com ansiedade pela população.
A última execução
Havia a multidão, que se juntou na Rua Georges Clémenceau. Eles assoviavam, cantavam e provocavam o condenado. Quando a cabeça rolou, alguns se aproximaram com lenços para molhar com o sangue, e levar como suvenir. Detrás da janela de um apartamento próximo, aos 17 anos, o saudoso ator britânico Christopher Lee também presenciava a execução.
O espetáculo macabro não foi bem aceito pelo presidente Albert Lebrun, que buscava inspirar o medo através das execuções públicas, não um show mortal. Sendo assim, decidiu revogar tais sentenças, Weidmann foi o último a ser morto publicamente.
A ação do governante não foi pioneira, o Reino Unido já havia feito isso em 1868 e, na Alemanha, desde antes da unificação em 1871, Estado a Estado. A Alemanha nazista, que também usava a guilhotina como método oficial de execução, não o fazia diante do público.
Dentro dos muros, condenados continuariam a ser guilhotinados na França até 1977, com a execução do estuprador e assassino Hamida Djandoubi. A pena de morte seria abolida apenas em 1981.
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