O sujeito fez trajeto de ida e volta em uma das fronteiras mais controladas e perigosas do mundo
Isabela Barreiros Publicado em 09/01/2022, às 09h00
No dia 1º de janeiro, por volta das 22h40, em horário local, um homem cruzou a fronteira entre a Coreia do Sul e Coreia do Norte com destino ao lado mais isolado da península, em uma trajetória rara observada na Zona Desmilitarizada que separa as duas nações.
Quando a notícia repercutiu internacionalmente com informações do Exército sul-coreano, foi divulgado que um cidadão do país havia desertado para a Coreia do Norte, o que surpreendeu o mundo.
Nós confirmamos que a pessoa cruzou a linha de demarcação militar perto das 22h40 e desertou para o Norte”, informou o Estado-Maior Conjunto (JCS) na última segunda-feira, 3, segundo a CNN.
No entanto, apurações da AFP e da RFI mudaram drasticamente o que se sabia sobre o caso. O que se entende agora é que o indivíduo, na verdade, era um desertor da Coreia do Norte que havia conseguido entrar no país vizinho em novembro de 2020.
O sujeito, que não teve a identidade revelada pelas autoridades, teria fugido de seu país natal ao conseguir burlar o serviço de segurança sul-coreano em uma região semelhante à que escapou recentemente.
De acordo com as investigações, o desertor seria um ex-ginasta com cerca de 30 anos. Na Coreia do Sul, porém, estava trabalhando como faxineiro, passando por dificuldades financeiras extremas e vivendo na pobreza.
Quando cruzou a fronteira chegando à parte sul da península, o indivíduo teria sido interrogado pelo serviço de inteligência coreano. Além disso, ele também teria passado por um treinamento obrigatório de três meses no país.
Eu diria que ele era classificado como classe baixa, mal conseguindo viver", afirmou uma autoridade sobre o caso, segundo a agência de notícias Reuters.
Não foram divulgadas mais informações sobre o sujeito devido a preocupações com a privacidade do homem, além disso, ele já havia entrado na Coreia do Sul com tal situação econômica precária.
As dificuldades sofridas pelo indivíduo acenderam um debate sobre o tratamento dado pela Coreia do Sul aos desertores do país vizinho, em que eles supostamente não receberiam apoio necessário para seguirem suas vidas na nova nação.
As pessoas que fogem para o território sul-coreano passam por uma jornada de risco ao cruzarem a fronteira entre as duas nações na tentativa de deixarem o governo autoritário e controlador da Coreia do Norte.
Embora tenha-se especulado que o sujeito possa ser um espião norte-coreano, as autoridades da Coreia do Sul afirmam que existem poucas possibilidades de esse ser o caso, já que não existem evidências que o liguem a tal ato.
A Coreia do Norte não comentou o assunto, que também não foi repercutido pela imprensa estatal. Ainda que tenham sido alertados sobre o homem que cruzou a fronteira, os militares norte-coreanos apenas indicaram o recebimento do alerta e não emitiram resposta.
Segundo a publicação, o Ministério da Unificação declara que apenas 30 pessoas que desertaram da Coreia do Norte retornaram ao território após a fuga para o Sul. No entanto, ativistas e pessoas envolvidas nesses trajetos afirmam que o número é muito maior que isso.
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