Embora não tivessem sido convidados, Michaele e Tareq Salahi invadiram um jantar oficial
Ingredi Brunato Publicado em 01/07/2023, às 09h00
A Casa Branca é a residência oficial do presidente dos Estados Unidos e, como tal, possui segurança reforçada. Suas defesas contra inimigos que queiram atacar o chefe de Estado do território norte-americano incluem grades, sensores, vidros à prova de balas e, é claro, a presença do Serviço Secreto, um órgão federal cujos agentes recebem o melhor treinamento possível a fim de servirem seu país.
Em 2009, todavia, um casal de subcelebridades adentrou o local durante um jantar de Estado em homenagem ao então premiê indiano, Manmohan Singh, que fazia uma visita ao país. O evento era, aliás, o primeiro deste tipo a ocorrer durante a administração de Barack Obama, eleito naquele mesmo ano.
Michaele e Tareq Salahi cumprimentaram o presidente, tiveram conversas amistosas com os convidados de alto perfil presentes na comemoração e até tiraram uma foto com Joe Biden, que na época era o vice. Essa e outras fotos foram orgulhosamente publicadas por eles em seu Facebook mais tarde naquele dia. Tudo isso sem realmente terem sido convidados para o jantar.
O fato que duas pessoas conseguiram entrar de penetra na Casa Branca, sem que ninguém as impedisse, foi considerada uma grave brecha de segurança na época. O episódio, além de ser amplamente noticiado, deu início a uma investigação por parte do governo norte-americano.
Na tarde de 24 de novembro de 2009, Michaele e Tareq Salahi, que eram então ex-participantes de reality show que tentavam construir sua fama, estavam prestes a viver o ponto alto de sua trajetória como subcelebridades.
Em preparação ao jantar oficial na residência do presidente dos EUA, que contaria com cerca de 300 convidados, Michaele passou 7 horas em um salão fazendo cabelo, maquiagem, manicure e outros.
Segundo repercutiu o The Washington Post na época, relatos das funcionárias do estabelecimento e uma filmagem acessada pelas autoridades norte-americanas mostram que a mulher se gabou do convite — que, no entanto, nunca recebeu —, e também alegou ter feito uma ligação para a Casa Branca para checar se o vestido indiano que pretendia vestir na ocasião era apropriado para a celebração, o que era outra mentira.
Eu perguntei a ela, eu disse, 'Você tem um convite?' Ela disse: 'Sim, eu tenho.' E eu disse: 'Posso ver?' E ela tentou procurá-lo e não conseguiu encontrá-lo", contou a estilista Peggy Loakim em entrevista ao veículo.
Cerca de um mês após o incidente, o principal vice-conselheiro de Obama, Daniel J. Meltzer, enviou uma carta ao Comitê de Segurança Interna da Câmara, que apurava o ocorrido.
"Não encontramos nenhuma evidência de que os Salahis foram incluídos em qualquer lista de acesso ou lista de convidados da Casa Branca. Os Salahis não estavam nas listas para o Jantar de Estado, a Cerimônia de Chegada ou qualquer outro evento agendado para 24 de novembro (...) Além disso, não encontramos evidências de que os Salahis tenham telefonado para a Casa Branca e perguntado sobre o código de vestimenta adequado para o Jantar de Estado", dizia o documento.
O casal, vale mencionar, não chegou a sofrer punições judiciais por sua noite infiltrada na Casa Branca. A responsabilidade pela falha de segurança foi assumida pelo Serviço Secreto e pela equipe da residência presidencial, que em nenhum momento verificaram se a presença da dupla no evento era legítima, de acordo com a ABC News.
Resumo: somos responsáveis. Teria sido muito fácil fazer uma ligação ou pegar um rádio e verificar se alguém estava em uma lista. Essa ainda é nossa responsabilidade, como dissemos desde o início", afirmou Edwin Donovan, o porta-voz do órgão na época.
Outro detalhe de relevância, é que as duas horas que os Salahi passaram na celebração — eles saíram logo antes do jantar ser servido —, embora tenha rendido uma fama temporária, também fizeram com que caíssem no desfavor da população estadunidense, que teve reações majoritariamente negativas à proeza da dupla.
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