Na Rota do Ouro: Nova série da Netflix é baseada em história verdadeira?

Recente no catálogo da Netflix, uma nova série se destaca como uma das mais assistidas pelos brasileiros no streaming: 'Na Rota do Ouro'. Italiana, a produção é ambientada na Itália do século 19, em seu período pós-unificação, o Risorgimento.

"Depois de roubar um mapa valioso, Filomena embarca em uma aventura com um grupo de bandidos e um caçador de recompensas para libertar seu povo e a si mesma", descreve a sinopse.

Co-escrita e codirigida por Antonio Le Fosse, a série nos transporta para uma saga histórica épica, comaventura, ação e até rebeliões e confusões políticas.

A personagem principal em 'Na Rota do Ouro', que acompanhamos constantemente, é Filomena (interpretada por Michela De Rossi), que decide deixar toda sua vida para trás, bem como seu marido abusivo, para lutar em busca do ouro que acredita que deve pertencer ao Sul. Assim, ela se alia a um grupo de bandidos e se vê em uma luta pela liberdade, agora contra um regime apático e cruel.

Por ser uma história de época, muito podem questionar: será que 'Na Rota do Ouro' é inspirada em eventos reais? Entenda!

Contexto

Embora a nova série da Netflix narre, em sua essência, uma história fictícia, muitos de seus elementos se relacionam a eventos e figuras históricas importantes no período pós-unificação da Itália, que ocorreu no século 19. Nessa época, bandidos ficaram famosos, e alguns acabaram inspirando os personagens da série.

Antes, é preciso entender que antes de a Itália ser reunificada, ela estava dividida em vários estados e territórios independentes, muitos governados por potências estrangeiras ou governantes locais.

Então, no século 19, surgiu o movimento do Risorgimento, em que figuras como Giuseppe Garibaldi e o Conde Camillo di Cavour se destacaram ao tentar unir essas regiões em um Estado-nação único e unificado.

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Porém, conforme destaca o site The Cinemaholic, logo após a reunificação, o novo Reino da Itália lidou com desafios, como instabilidade política, dificuldades econômicas e agitação social.

Isso porque, com a reunificação, muitas regiões e comunidades — principalmente ao sul da Itália — ficaram marginalizadas e foram privadas de seus direitos, o que implicou em um grande descontentamento e resistência nessas áreas.

Foi nesse contexto, com grande resistência ao governo, que surgiram muitos bandidos na região do sul da Itália, ficando até mesmo famosos e tornando-se símbolos de resistência política e independência. 

Como pode ser visto na série, uma batalha de guerrilha começou a ser travada entre esses bandidos e forças do reino.

Assim, não era tão difícil que alguém fosse considerada bandido, seja aqueles que realizavam pequenos furtos, até aqueles que organizavam movimentos de resistência que reivindicavam por mudanças políticas ou sociais.

Banditismo

Para seus personagens, 'Na Rota do Ouro' inspira-se em lendas e histórias de bandidos, homens e mulheres, que ficaram famosos na época pós-unificação italiana. Um exemplo notável, que serviu como referência, é a história de Pietro Monaco e sua esposa, Maria Oliverio (ou Ciccilla).

Inicialmente um oficial do exército Bourbon, Pietro Monaco abandonou seu cargo, e começou a se envolver no "banditismo" após testemunhar, por si, a corrupção de proprietários de terras da região. Já Maria Oliverio se juntou à gangue de Pietro enquanto eles operavam na Calábria.

Impulsionados por sentimentos de injustiça e ansiando por vingança, essa gangue de bandidos começou a atacar ricos proprietários de terras, além de comerciantes e outros funcionários do governo, cometendo crimes como roubo de objetos valiosos e sequestros, a fim de obterem um valor pelo resgate. Segundo as lendas, até mesmo Maria Oliverio obteve destaque, liderando muitas das operações.

Agora, em 'Na Rota do Ouro', podemos acompanhar os feitos não só dos personagens principais, mas também de toda a gangue, inspirada em outros nomes relevantes desse período da história italiana. A série conta com seis episódios, e já está disponível na Netflix.