Em entrevista ao site da AH, o neurocientista Fabiano de Abreu esclareceu detalhes da chamada agorafobia e seus sintomas
Pamela Malva Publicado em 18/05/2021, às 15h00 - Atualizado em 13/08/2021, às 10h00
Em maio deste ano, o longa ‘A Mulher na Janela’ foi adicionado ao catálogo de filmes da Netflix. Dirigida por Joe Wright, a narrativa é inspirada no livro de mesmo nome, escrito por A. J. Finn, e mistura elementos de mistério, drama e suspense.
No papel de Anna Fox, a atriz Amy Adams representa uma personagem que sofre de agorafobia, característica que chamou atenção dos espectadores. A condição, então, começou a ser citada nas redes sociais e tornou-se tema de diversas discussões.
Com exclusividade para o site Aventuras na História, o neuropsicólogo Fabiano de Abreu analisou o filme e traçou um paralelo entre a doença representada no longa e a realidade. Ainda mais, o especialista explicou como funciona a curiosa agorafobia.
Na recente produção, Anna Fox observa a cidade através da janela de sua mansão, até que testemunha um crime que acaba agravando seu transtorno. Com isso, a trama se desenvolve e, dessa forma, prende o telespectador do início ao fim da narrativa.
"Agorafobia é um tipo de ansiedade comum, mas cujo facilitador está na ocorrência de alguns episódios de ataques de pânico”, explicou Fabiano de Abreu. “Um indivíduo que apresenta tal distúrbio, tende a ficar dentro de casa, pois tem medo de sair, já que em sua mente tudo é perigoso, mesmo não sendo.”
Sendo assim, na opinião do neurocientista e PhD, o filme apresenta a problemática de forma interessante, trazendo o medo e a reclusão como resultados de um trauma relacionado à perda. A reclusão, nesse sentido, se dá através do medo de lugares ou situações que possam desencadear ataques de pânico ou constrangimentos.
De acordo com Fabiano, no entanto, a agorafobia pode se manifestar de diversas outras maneiras. Pessoas diagnosticadas com o transtorno, portanto, ainda sentem uma grande angústia e bastante medo quando têm de enfrentar multidões, filas, lugares fechados, transportes públicos, espaços abertos e solidão.
As situações são antecipadas no imaginário e são desencadeadas por um simples medo do que poderia acontecer ou não”, explicou o neurocientista. “A pessoa faz uma projeção de uma realidade que, na maioria das vezes, não vai acontecer."
O grande problema é que a agorafobia é uma doença crônica que pode durar anos, ou até mesmo a vida toda do paciente. Segundo Fabiano, entre 30% e 50% das pessoas que são diagnosticadas com o transtorno também sofrem com uma intensa síndrome de pânico, sendo que as mulheres são mais afetadas pela doença do que os homens.
A maioria dos casos surgem antes dos 35 anos de idade e o diagnóstico é feito por um período de 6 meses ou mais. Durante esse tempo, o médico ou psicólogo acompanha o paciente, avaliando o nível do medo e da ansiedade manifestados.
Caso os sintomas não diminuam após o diagnóstico, inicia-se um tratamento. Depois disso, de acordo com Fabiano, o processo é desafiador, pois é realizado por meio de terapia de exposição, no qual o indivíduo é auxiliado a pensar, aprender novas habilidades e se comportar de outra maneira diante de situações que originam o medo.
Por fim, Fabiano pontua que, como parte do tratamento, os especialistas também podem indicar uma terapia cognitivo-comportamental, podendo ser necessário o uso de antidepressivos inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs). O resultado esperado, no entanto, é o mesmo: uma vida menos afetada pelo transtorno.
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