Em 1994, assaltantes levaram o quadro no mesmo dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno
Fabio Previdelli Publicado em 30/04/2021, às 07h00
Considerada uma das obras símbolo do movimento expressionista, 'O Grito' de Edvard Munch, se tornou um verdadeiro ícone cultural, ganhando status parecidos com a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, por exemplo.
Entretanto, a pintura de Munch só pode ser admirada ainda hoje graças aos esforços de Charles Hill. Isso porque, em 1994, o quadro acabou sendo roubado do Museu Nacional do Oslo, e foi justamente pelo trabalho de Hill que a pintura foi devolvida ao museu cerca de três meses depois.
Filho de uma mãe britânica e um pai americano, Charles Hill nasceu em 1947 na cidade de Cambridge, na Inglaterra. Porém, ele se mudou muito jovem para os Estados Unidos. No novo país, lutou ao lado dos americanos na Guerra do Vietnã, onde serviu como paraquedista, segundo matéria do portal ART News.
Pouco depois, cursou história na Universidade George Washington. Ele ainda passou por outros conceituados centros de ensino, como o Trinity College, de Dublin, e o King’s College, em Londres — onde estudou teologia.
Posteriormente, acabou ingressando na Polícia Metropolitana de Londres, onde trabalhou por duas décadas. Nessa sua função, ajudou, segundo o ART News, a recuperar importantes obras de grandes artistas, como Ticiano, Paul Cézanne, JMW Turner, Goya e muitos outros.
Além disso, também atuou com investigador e usou falsas identidades para solucionar roubos de obras de arte, como o que ocorreu no Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, no ano de 1990. Como aponta matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História, o caso continua sendo o maior roubo de propriedade privada da história americana.
Seus mais de 25 anos de pesquisa o levaram a acreditar que o criminoso Whitey Bulger também era o responsável pelo roubo. “Não há evidências concretas disso, mas eu combato o crime artístico tanto racional quanto irracionalmente, intelectualmente e visceralmente”, disse ao The Guardian.
Um dos casos mais marcantes da jornada investigativa de Hill está na vez em que ele ajudou nas investigações do roubo do quadro "O Grito". Na ocasião, em 1994, o Museu Nacional do Oslo foi assaltado durante as Olimpíadas de Inverno, que aconteceu em Lillehammer.
Em 12 de fevereiro de 1994, o mesmo dia da abertura dos Jogos, ladrões aproveitaram o foco que a competição teve e invadiram o local. Os criminosos romperam os fios que prendiam a pintura na parede e removeram o quadro de lá. Conforme explica matéria do The New York Times, no lugar da obra, os assaltantes deixaram um bilhete debochado escrito: “Muito obrigado pela segurança ruim de vocês”.
Assim, a polícia norueguesa iniciou uma operação policial com a ajuda da polícia britânica (SO10) e do Museu Getty. É nesta parte que entra os serviços de Hill. Segundo o ART News, enquanto ele trabalhava para o Art Squad, da elite da Scotland Yard, Charles se passou por um representante do Museu e marcou um encontro com "um negociante de arte desonesto conhecido pelos ladrões", como ele o classificou em entrevista à Vice em 2018.
Depois de ver a pintura pessoalmente e retornar para um hotel em Oslo, Hill telefonou para a polícia norueguesa, que posteriormente prendeu o traficante. A pintura foi recuperada intacta em 7 de maio de 1994, como conta o escritor Edward Donlnick no livro ‘The Rescue Artist: A True Story of Art, Thieves, and the Hunt for a Missing Masterpiece’.
Em janeiro de 1996, quatro homens foram condenados por terem conexão com o roubo, incluindo Pål Enger, que já havia sido condenado por roubar outra obra de Munch: o quadro “Amor e Dor”, que foi intitulada na Noruega como “A vampira”, como revela matéria do The Guardian.
Segundo o livro “The Irish Game: A True Story of Crime and Art”, de Matthew Hart, os agentes britânicos envolvidos na operação policial entraram na Noruega com identidades falsas.
Charles Hill morreu em 20 de fevereiro deste ano, aos 73 anos. Segundo Arnie Cook, um amigo próximo de Hill, ele teve um ataque cardíaco.
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