Lutando contra o preconceito, a norte-americana usou parte de sua fortuna para ajudar nas causas abolicionistas, contudo, teve um triste fim
Penélope Coelho Publicado em 02/12/2020, às 17h00
Mary Ellen Pleasant foi uma figura de grande importância no século 19, nos Estados Unidos. A mulher de origem humilde é conhecida por fazer fortuna sem a ajuda de ninguém, somente usando seus conhecimentos para investir.
Acumulando milhões de dólares, a mulher se tornou uma das primeiras negras milionárias de seu país. Contudo, mesmo com suas conquistas, a investidora enfrentou preconceitos e teve seu nome difamado pela sociedade da época.
Antes do dinheiro
Acredita-se que Mary Ellen tenha nascido em 19 de agosto de 1814, na Filadélfia. As informações sobre ela ter nascido escrava ou não, são inconsistentes. Contudo, sabe-se que a norte-americana começou a trabalhar muito jovem como empregada doméstica para uma família de grande poder aquisitivo.
Foi nessa época que a garota aprendeu a ler e escrever, mas, sem ter a oportunidade de receber uma educação formal.
Já em São Francisco, no ano de 1852 — período em que a corrida do ouro começou a se tornar popular na Califórnia — Pleasant passou a trabalhar como cozinheira. Na época, a mulher ganhava cerca de US $ 500 dólares por mês, um salário significativo.
Acredita-se que durante esse tempo, Ellen tenha observado discretamente os clientes do local para absorver conhecimento sobre investimento, a fim de aplicar seu dinheiro da maneira correta.
Foi assim que a norte-americana passou a investir seu salário em empresas e até mesmo em minas de ouro e prata. Segundo o New York Times, para evitar comentários e questionamentos preconceituosos sobre o seu dinheiro, Mary precisou de uma ajuda, que foi possível ao lado de Thomas Bell.
Quebrando barreiras
Foi na década de 1860, Pleasant conheceu seu parceiro de negócios: Thomas, um homem branco. Segundo o jornal, ela usava o nome do amigo para poder invenstir. Era uma grande parceria. Juntos, eles passaram a investir em comércios locais como lavanderias e pensões, além de investirem em inúmeras propriedades.
Nesse período, a cozinheira acumulou uma verdadeira fortuna que, segundo a CNBC, avaliada em US$ 30 milhões de dólares.
Contudo, a parceria entre a empresária e Bell foi vista como 'ilícita'. Como consequência, a mulher era constantemente julgada pela imprensa, recebendo apelidos maldosos. Além disso, a mansão em que ela morava com Thomas e sua família era chamada de ‘bordel’.
Ao longo da vida, a investidora se casou duas vezes, mas, não teve filhos — o que também foi motivo de julgamentos.
O preconceito enfrentado por Mary não a deteve e servia como motivação para ajudar a população negra de seu país. Ao longo dos anos, a mulher auxiliou muitos ex-escravos a encontrarem empregos como homens livres.
Além disso, sabe-se que a norte-americana lutou ativamente contra a prática da escravidão, apoiando causas abolicionistas. Ela também entrou na justiça para tornar a segregação ilegal nos meios de comunicação da Califórnia.
Antes mesmo de se tornar milionária, a investidora já era uma apoiadora da causa, quando trabalhou na Underground Railroad na Califórnia, em um esquema que funcionava com rotas secretas para ajudar escravos a fugirem para casas seguras.
Triste fim
Apesar de ter feito fortuna durante a vida adulta, a riqueza da empresária não durou até seus dias finais. Com a morte de seu parceiro de negócios em 1892, a viúva de Bell processou Ellen pelo controle da fortuna compartilhada.
Pleasant perdeu a batalha na justiça, já que além de ter seu dinheiro diretamente ligado a Thomas, ela também tinha uma má reputação na cidade. Com boatos sem fundamentos que ela seria dona de casas de prostituição e de que era até mesmo amante do parceiro de negócios, o juiz do caso viu como um motivo para que a investidora perdesse a causa.
A magnata então foi expulsa de sua mansão em São Francisco e acabou pobre. Em sua velhice, a norte-americana contou com a ajuda de amigos para se manter. Mary faleceu na pobreza, aos 90 anos de idade, em 4 de janeiro de 1904.
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