Matlovich se assumiu publicamente a fim acabar com a proibição de homossexuais no serviço militar
Penélope Coelho Publicado em 17/02/2021, às 11h12
Na década de 1970, o sargento Leonard Matlovich, tornou-se símbolo de luta e ativismo da comunidade LGBTQIA+, quando se assumiu publicamente e passou a lutar pelos direitos dos homossexuais na carreira militar.
Contudo, antes de se envolver na causa e levar o debate para a população, Matlovich passou boa parte de sua vida camuflando a verdade sobre sua orientação sexual, até que finalmente, na vida adulta, se sentiu confortável para se libertar, conforme relevado através de uma reportagem publicada pela Times, no ano de 2015.
O esconderijo
Nascido em 6 de julho de 1943, na Geórgia, Estados Unidos, Leonard veio de uma família de tradição militar e era o único filho homem. Seu pai serviu na Força Aérea e queria que o menino seguisse seus passos. Matlovich e sua irmã também foram criados com uma forte influência da Igreja Católica.
Desde jovem, o norte-americano já sabia que era diferente, mas, não sentia que seu ambiente familiar o acolheria caso ele assumisse que era gay. Quando completou a maioridade o garoto se alistou no Exército, como seu pai queria.
Aos 19, o conflito entre os Estados Unidos e o Vietnã aumentava, não demorou muito para que Leonard se oferecesse para servir. Em campo, o sargento cumpriu três missões e chegou a se ferir em uma delas.
Nesse período, Matlovich já havia conhecido outros homossexuais e já havia tido relações com outros homens. Mas, mesmo assim, escondia a verdade de seus superiores.
Na época, o racismo e a segregação racial cresciam com força nos campos de batalha. Ele se ofereceu para dar aulas sobre de ‘Relações Raciais’ na Força Aérea e obteve sucesso. Com isso, percebeu que o preconceito poderia ser discutido para que uma melhora acontecesse.
A virada
Foi em 1974 que o veterano de Guerra teve uma ideia que mudaria sua vida. Ao ler uma edição da revista Air Force Times, com uma reportagem do ativista homossexual Frank Kameny, o norte-americano encontrou a oportunidade de ter uma conversa aberta sobre o tema.
Leonard então entrou em contato com Kameny. Disse ao sargento que há muito tempo buscava um personagem para falar sobre a proibição militar aos gays. A negociação para uma entrevista durou meses até que a decisão foi tomada.
Na época, eles se reuniram para escrever uma carta ao comandante do sargento, em 6 de março de 1975, foi assim que Matlovich se assumiu abertamente. O artigo foi publicado na edição daquele mês e ano da conceituada revista Times, com o rosto de Leonard estampando a capa, isso fez com que o militar se tornasse uma figura conhecida em seu país.
Depois desse evento, o caminho foi ainda mais difícil para o homem, que teve que lidar com a rejeição dos pais, além de ter sido expulso do Exército, em decorrência da cláusula que proibia que homossexuais servissem.
Foram anos de longos processos, que sugeriam que ele retrocedesse em sua decisão de falar abertamente sobre o assunto. Sem chegar à resolução desejada de que ele pudesse continuar no serviço militar, Leonard aceitou um acordo financeiro. Ao longo de sua vida, Matlovich se tornou símbolo de defesa dos direitos homossexuais.
Com o surto da epidemia de HIV no final da década de 1970, acabou sendo acometido pelo vírus. Ele não resistiu às mazelas causadas pela doença e faleceu aos 44 anos, em 1988. Antes de morrer, já muito comprometido, Leonard fez seu último e emocionante discurso:
“E eu quero que você olhe para a bandeira, nossa bandeira do arco-íris, e eu quero que você olhe para ela com orgulho no seu coração, porque nós também temos um sonho. [...] E nossa missão é estender a mão e ensinar as pessoas a amar, e não a odiar”, disse o ativista.
Em sua lápide, uma famosa frase do sargento foi estampada, marcando eternamente seu legado: "Quando eu estava no exército, eles me deram uma medalha por matar dois homens e uma dispensa por amar um deles”.
Infelizmente, o norte-americano não viveu para ver a maior luta de sua vida acontecer. Sabe-se que em dezembro 2010, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o fim da política ‘don't ask, don't tell’.
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