Atuando no mundo da ginástica norte-americana desde 1978, o doutor em medicina osteopática foi acusado de ter abusado sexualmente de meninas menores de idade durante 20 anos
Pamela Malva Publicado em 06/02/2020, às 16h32
Entre 2016 e 2018, o Brasil se chocou com a história do treinador de ginástica olímpica que assediava seus alunos. No total, 40 jovens alegaram terem sofrido nas mãos de Fernando de Carvalho Lopes entre 1999 e 2016. Ele foi afastado de seu cargo imediatamente.
Quase ao mesmo tempo, Larry Nassar era julgado pelo mesmo motivo nos Estados Unidos. Trabalhando com ginástica desde 1978, quando tinha 15 anos, o treinador estava acostumado a ensinar e conversar com crianças e adolescentes.
Uma vez casado — com três filhos —, Larry se formou como doutor em medicina osteopática em 1993. Anos mais tarde, ele começou a trabalhar como coordenador médico nacional da USA Gymnastics e se manteve nessa posição por anos, entre 1996 e 2014.
Inicialmente, acusações contra o médico foram feitas no final de 1990 e em 2015. Entretanto, os casos nunca foram julgados ou investigados. Foi apenas quando Rachael Denhollander e outra ex-ginasta acusaram Larry de abuso, em 2016, que a mídia caiu em cima dele. Em setembro daquele ano, ele foi demitido pelo Estado de Michigan.
Entre as primeiras acusações, feitas em 2015, e a explosão do caso, em 2017, mais cinco ginastas testemunharam contra Nassar, alegando terem sofrido assédios. Uma delas, inclusive, falou sobre os abusos no Twitter, usando a hashtag #MeToo.
Segundo as meninas, Nassar tinha diversos métodos para assediar as ginastas. Em alguns casos, ele conversava com elas pelas redes sociais, em outros, abusava das meninas durante consultas médicas. De qualquer maneira, todas as vítimas eram menores de idade.
Naquela época, ele foi indiciado por 22 acusações de conduta sexual criminal. Larry foi preso em 2016, quando o FBI encontrou mais de 37 mil imagens de pornografia infantil nos pertences do médico, além de um vídeo caseiro dele molestando menores de idade.
Em 2017, a licença de Nassar foi revogada e, em julho daquele ano, ele se declarou culpado por conteúdos de pornografia infantil adquiridos em 2004. Em dezembro, Nassar foi condenado a 60 anos de prisão federal.
Números subindo
Logo depois das primeiras acusações, mais e mais ginastas saíram das sombras, alegando terem sofrido abusos sexuais por parte de Larry. Naquele momento, ele já tinha se declarado culpado por sete acusações — das quais três envolviam meninas menores de 13 anos.
Em novembro de 2017, ele se declarou culpado de mais três acusações. Daí em diante, os números apenas subiram. Em janeiro de 2018, Larry já era acusado de 135 casos de agressão sexual. Na semana seguinte, já eram 150 vítimas — ocorridas até mesmo nos anos 1990.
Poucos dias depois, a juíza Rosemarie Aquilina condenou Nassar a uma pena de 40 a 175 anos de prisão. Ela ainda permitiu que as acusadoras apresentassem declarações nos julgamentos. Com elas, Rosemarie declarou que ele nunca mais seria solto.
No final de janeiro de 2018, o número de vítimas de Nassar já tinha saltado para 265 meninas. Segundo McKayla, uma das ginastas abusadas ainda criança, o trinador teria molestado mulheres e meninas por mais de 15 anos.
Sentenças
Ao final de todas as acusações, Nassar, teoricamente, cumpriria 100 anos de prisão. Isso porque cada sentença já seria o suficiente para mantê-lo preso pelo resto da vida. Segundo os promotores, a data de libertação pela custódia federal seria em março de 2069.
Mesmo assim, caso ele esteja vivo quando for solto, ele teria que cumprir mais 105 anos de sentenças estaduais. No começo de sua sentença, Nassar foi agredido logo que chegou à cadeia em Tucson. Segundo seus advogados, ele deveria ser transferido — e assim foi, para a Penitenciária dos Estados Unidos, Coleman, na Flórida.
Por fim, ainda que o número oficial considerado nos julgamentos tenha girado em torno de 200 vítimas, uma investigação de 2016 trouxe outras informações. Publicada no jornal Indianapolis Star, a pesquisa revelou que Nassar teria assediado pelo menos 368 garotas, nos 20 anos em que trabalhou com as ginastas.
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