Kurt Cobain em entrevista ao Much Music em 1993 - Divulgação / YouTube / MUCH
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Kurt Cobain acreditava que brancos não poderiam fazer rap

Em 1991, o vocalista do Nirvana falou sobre a apropriação cultural que ocorria com o movimento negro

Wallacy Ferrari Publicado em 08/05/2022, às 08h00

No início dos anos 1990, dois movimentos culturais centralizados na música chamavam atenção dos norte-americanos por alcançarem a grande mídia; de um lado, os roqueiros que misturavam ideologia punk com referências da surf music se transformavam em monstros midiáticos com o gênero "grunge", geolocalizados em Seattle e conduzidos por bandas como Pearl Jam, Alice in Chains e Nirvana, sendo esta última a de maior projeção comercial.

Em outro canto dos Estados Unidos, no entanto, o movimento que se tornava popular era o rap, principalmente nas costas leste e oeste, centralizados em Nova York e Califórnia, ganhando força como um estilo de música rápida, contando a realidade da comunidade negra do país através de associações sobre a violência e dificuldades de vivência, tendo os grupos Public Enemy, NWA e rappers como Tupac e Notorious B.I.G. como principais representantes.

Em ambos os movimentos, o fenômeno de alcance de massa transformava as canções protestantes de pessoas reais, que viviam a realidade de suas composições, em produtos de mídia; o movimento “grunge” virava estilo de roupa vendido em lojas de departamento, tema de filme como em “Singles – Vida de Solteiro” e até mesmo causava aversão em seus próprios criadores, como o Nirvana, que desistiu de tocar o hit “Smell Like Teens Sprit” em shows.

No rap, no entanto, o buraco era mais embaixo; na medida em que se tornava um produto comercial, era fagocitado com o surgimento de figuras que destoavam da comunidade negra, como o rapper Vanilla Ice, que enriqueceu com o hit “Ice Ice Baby”, e Marky Mark, posteriormente conhecido pela carreira de ator como Mark Walhberg, mas que começou no rap ao emplacar o sucesso “Good Vibrations”.

Vanilla Ice e Marky Mark na capa de seus discos de estreia / Créditos: Divulgação / Amazon

 

Rap com brancos?

Em 20 de setembro de 1991, Kurt Cobain, vocalista e compositor do Nirvana, estava a apenas quatro dias de lançar o álbum Nevermind, um marco na história da música, mas ainda concedia entrevistas a rádios universitárias, como foi o caso ao repórter Roberto LoRusso, que na época tinha apenas 21 anos e era correspondente da emissora estudantil CHRW, como revelou ao Daily Mail.

Comentando a ascensão dos movimentos, o jovem repórter pergunta ao músico sobre uma alegação, que havia escutado anteriormente, de que Kurt não apoiava pessoas brancas fazendo rap por acreditar que o homem branco já "roubou o homem negro por tempo suficiente", sendo respondido pelo roqueiro.

Eu sou fã de rap, mas a maioria é tão misógina que eu nem consigo lidar com isso. Eu não sou muito fã. Eu respeito e adoro totalmente porque é uma das únicas formas originais de música que foram introduzidas. Mas o homem branco fazendo rap é como assistir um homem branco dançar. Nós não podemos dançar, não podemos fazer rap”, afirmou Kurt.
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