A teoria, embasada com evidências técnicas, mobilizou internautas para desvendar as falhas na narrativa do viajante no tempo
Wallacy Ferrari, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 21/09/2021, às 14h32
A virada do milênio em 2000 amplificou discussões sobre a interferência da tecnologia e o surgimento de potências digitais em relação com a sustentabilidade e culturas.
Com isso, a passagem de um suposto bug e a desenfreada criação de mecanismos para acelerar a comunicação resultou em pautas curiosas. Isso inclui a narrativa a de um homem, que exatamente no ano 2000, surgiu na internet para adicionar ainda mais dúvidas ao futuro.
Em fóruns de língua inglesa disponibilizados na internet, um homem utilizando o pseudônimo "TimeTravel_0" ("ViajanteDoTempo_0", em tradução livre) iniciou uma série de publicações explicando tratar-se de um homem vindo do futuro — mais precisamente de 2036, onde teria feito a ação de voltar ao passado.
Suas participações, embasando com detalhes todas as suas intervenções, ocorriam em chats da IRC e, a partir de janeiro de 2001, com frequência no BBS Art Bell, onde revelou seu suposto nome. John Titor teria nascido em 1998 e voltado no tempo com a missão de evitar problemas futuros e, especificamente, coletar um computador da IBM para decodificar códigos antigos.
Os dois anos onde o suposto viajante do tempo contribuiu com dicas e explicações sobre a intervenção temporal em fóruns de internet puderam mostrar a complexidade técnica que o homem afirmava administrar, como registra o portal TecMundo.
Com projetos, ele explicava como funcionava as máquinas de viagem ao tempo, sendo criadas inicialmente para transportar objetos pequenos, sendo posteriormente adaptadas para coisas grandes e seres humanas. Em certa ocasião, Titor compartilhou a única foto do tal projeto.
De acordo com as postagens, ele teria sido selecionado à missão de resgate do computador, mas também aproveitava para resgatar itens pessoais familiares, como fotos e artefatos que teriam sido perdidos em uma Guerra Civil, na qual Titor profetizou que se iniciaria em 2004.
Profetizou também a intriga entre os Estados Unidos e Rússia, mas chamou atenção ao enfatizar que a Terceira Guerra Mundial aconteceria em 2015, em decorrência de ataques nucleares destes países. As profecias cessaram em 2001, sendo reunidas e organizadas em narrativas por diversos portais e veículos de imprensa, que se dedicaram a desvendar o viajante.
Diversas obras, como peças de teatro e livros, abusaram dos argumentos enaltecidos pelo usuário, mas as previsões fracassadas entregaram, ao longo do tempo, as teorias do viajante; de acordo com ele, os Jogos Olímpicos não seriam mais realizados a partir de 2004, contrastando com a realidade, onde prosseguiram normalmente.
Além disso, a ausência de citação do 11 de setembro, de conflitos humanitários posteriores e até mesmo da tal Guerra Civil de 2004 chamaram atenção de internautas — porém, os defensores do homem apontam que as previsões não fracassaram, apenas deram a abertura temporal para que Titor conseguisse corrigi-las a tempo de não ocorrerem.
Além disso, a possibilidade de retorno do tempo possibilitaria que Titor registrasse as patentes da máquina de viagem muito antes de sua suposta criação, facilitando anos de progesso tecnológico. Contudo, Titor apontou suposta impossibilidade de alterar o passado, mesmo revelando toda a planta do artefato e os materiais necessários para seu funcionamento.
Em 2009, o jornal britânico Daily Telegraph fez uma investigação definitiva, apontando que o personagem teria sido criado por dois irmãos; Larry e John Haber, respectivamente advogado e cientista da computação, que uniram forças para realizar as publicações e criar os protótipos, sustentando uma das primeiras conspirações da internet.
Um detetive norte-americano identificado como Mike Lynch chegou a encontrar um registro de marca com o nome de “John Titor Foundation” (Fundação John Titor, em tradução livre), onde Larry era registrado como presidente, mas a sede da empresa era, basicamente, uma caixa postal no estado da Flórida.
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