Através de pesquisas, historiadores mostraram as reais origens de Charlotte
Isabela Barreiros Publicado em 25/01/2021, às 09h00
Com o lançamento da série Bridgerton na Netflix, muitas pessoas levantaram questionamentos nas redes sociais. Isso porque a presença de personagens negros com destaque na história aristocracia. Muito, inclusive, chegaram a afirmar que era a série não era fiel a História.
Contudo, uma particularidade mostrada na série mostra que a produção abordou uma temática interessante. A rainha Charlotte, por exemplo, não era exatamente branca na vida real.
A pesquisa
Em 1996, no programa Frontline, da emissora americana Public Broadcasting Service (PBS), historiadores afirmaram pela primeira vez que a Rainha Charlotte tinha ascendência de uma mulher africana, Madragana Ben Aloandro, amante do rei português Afonso III de Portugal. Esse fato a tornaria a primeira rainha descedentes de africanos da Grã-Bretanha.
Contudo, o que realmente provaria a ligação é Margarita de Castro e Sousa, uma nobre do século XV, descendia de Madragana. Assim, a nobre estaria diretamente ligada ao ramo negro da Casa Real Portuguesa.
Segundo o pesquisador e historiador Mario de Valdes y Cocom, especialista em diáspora africana, "seis linhas diferentes podem ser traçadas ligando a rainha inglesa Charlotte e Margarita de Castro e Sousa".
Madragana foi descrita pelo cronista português Duarte Nunes de Leão como moura, um nome que caracterizava os nativos do norte da África. O historiador Paulo Rezzutti, especialista na história de monarquias, concorda.
"Realmente ele [Afonso III] teve uma amante e dois casais de filhos com ela. Mas ela não era negra. Era moçárabe, que são africanos do norte da África, com pele mais clara e, em geral, sem traços negroides — como os marroquinos", disse em entrevista a BBC no ano de 2019.
A distância entre Charlotte e a amante é de 15 gerações, mas relatos da época atestam algumas características físicas da rainha como as de pessoas negras.
O médico próximo da realeza Christian Friedrich Freiherr Von Stockmar descreveu a moça como "dona de uma verdadeira face mulata". Além dele, Sir Walter Scott também disse que ela tinha “lábios muito grossos”.
Outro fato interessante é o retrato de Charlotte. Allan Ramsay, pintor, retratista e abolicionista escocês, foi quem pintou a rainha com o que alguns consideram traços africanos.
Mesmo não sendo possível observar isso claramente, é apontado também que pintores nem sempre ilustravam os nobres com total sinceridade em suas pinturas.
Sophia Charlotte de Mecklenburg-Strelitz era princesa no pequeno ducado de Mecklenburg-Strelitz, no norte da Alemanha, que ainda fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico. Ela deixou seu reino para casar-se com o rei Jorge III da Grã-Bretanha.
A rainha ficou conhecida por ser uma grande amante da música, das artes e da botânica, além de ser a segunda consorte com mais tempo no trono britânico, permanecendo rainha por 57 anos e setenta dias.
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