Em um dos mais famosos episódios da Segunda Guerra, o Japão realizou um bombardeio estratégico muito bem conduzido, ao mesmo tempo em que cavou a própria cova
Ingredi Brunato e Leandro Quintanilha Publicado em 06/12/2020, às 00h00
O sol mal havia anunciado a manhã do domingo quando um radar, instalado dias antes, acusou a aproximação de um grupo de aviões ao paradisíaco arquipélago havaiano.
O alerta de nada adiantou. Os oficiais responsáveis confundiram o ataque inimigo com a chegada previamente agendada de novas aeronaves.
Em duas horas, os japoneses feriram e mataram 3.581 pessoas e destruíram 18 navios e 249 aviões de Pearl Harbor, base naval e quartel que os americanos mantinham no Pacífico.
Ocorrido em 1941, se tornou um dos mais lembrados episódios da Segunda Guerra Mundial. Era o ataque militar surpresa à base naval de Pearl Harbor por parte do Japão.
O bombardeio acabou sinalizando o momento de entrada dos Estados Unidos à guerra - que era o contrário do que o exército japonês pretendia com a ação, e ainda por cima serviu de pretexto para o lançamento de duas bombas atômicas no país asiático.
A intenção por trás de ataque a base naval norte-americana seria impedir os EUA de se envolver com as guerras travadas pelo Japão, que estava tentando expandir o território na época.
Para tanto, a missão dos aviões que sobrevoaram a costa norte-americana naquele dia era danificar tanto o local que a Frota do Pacífico estadunidense não pudesse mais ser usada.
As forças japonesas vieram em três ondas, com a primeira tendo como principal alvo os aviões norte-americanos que pudessem ser usados para contra-atacar o bombardeio.
Consequências
Devido à ação militar surpresa ocorrida em 7 de dezembro de 1941, 2.400 estadunidenses foram mortos e 1.178 ficaram feridos. Já no lado japonês, evidentemente as baixas foram bem menores, com 68 mortos.
Também vale mencionar que a fraqueza estratégica de Pearl Harbor que tornou o local um alvo para inimigos podia ter sido prevista.
Inclusive, quando a frota naval estadunidense foi movida para a base, uma decisão que foi tomada pelo presidente da época, Franklin Roosevelt, o almirante James O.Richardson acabou sendo retirado do seu posto de comando por se opor à ideia, justamente por ter identificado essa falha.
Já no contexto da guerra como um todo, quem sofreu as maiores consequências negativas foi o Japão. A situação paradoxal foi sintetizada pelo almirante japonês Hara Tadaichi: “Conseguimos uma grande vitória tática em Pearl Harbor e, assim, perdemos a guerra".
Na verdade, os Estados Unidos sequer tinham intenção de voltar a interferir na política de expansão territorial japonesa, se concentrando em vez disso na ameaça maior oferecida pela Alemanha Nazista.
Outro aspecto afetado pelo bombardeio foi à vida dos descendentes de japoneses morando no país e em outros territórios que ficavam no mesmo lado da guerra que os EUA.
As tensões sociais foram tantas que muitos foram forçados a deixar o lugar onde moravam, sendo removidos para acampamentos.
Crime de guerra
O ataque a Pearl Harbor acabou sendo julgado como crime de guerra posteriormente por conta da falta de uma declaração de guerra que servisse de aviso formal primeiro. Foi apenas após o bombardeio que essas declarações acabaram sendo emitidas.
Curiosamente, foi realizado um estudo logo antes do episódio militar em que foi perguntado para os norte-americanos se eles achavam que o conflito entre os EUA e o Japão era ou não iminente, o que recebeu uma resposta positiva de 52% dos entrevistados.
Assim, é possível dizer que um ataque como esse era previsível, apenas foi uma surpresa do ponto de vista burocrático e ético, perante os quais o protocolo esperado era de um aviso que desse o pontapé inicial ao conflito.
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