Conseguindo o cargo através de acordos políticos, o controverso Santo Padre provocou guerras e desavenças
André Nogueira Publicado em 03/02/2020, às 11h49
Quando o príncipe Alberico II de Espoleto, próximo à sua morte, conseguiu dos magnatas de Roma um juramento de que seu filho seria eleito o próximo papa, o jovem Otaviano sabia que assumiria o trono papal. Após a morte do papa Agapito II, o rapaz de 18 anos tornou-se João XII, em 955.
A estréia de João como Sumo Pontífice reestruturou a lógica em que coincidia a autoridade temporal e espiritual de Santa Sé. Ele reivindicou os direitos temporais do cargo e passou a visto como um homem imoral, que transformou a maior instituição da Igreja num recinto de fama duvidosa e corrupta, gerando grande insatisfação.
O governo do papa foi marcado por guerras e o acirramento das perseguições contra opositores. Além disso, a Igreja sofreu com diversas perdas nesses conflitos, como uma derrota contra o duque da Cápua e a tomada dos Estados Eclesiásticos pela Itália.
Nesse cenário, João se associou a Otto I, dos Estados Germânicos, conquistando uma relação de soberania de Roma em relação às decisões do rei. Assim, a Igreja se tornou inimiga de diversos reinos italianos e Otto se tornou oficialmente imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
No dia seguinte à coroação, João XII assinou a lei Privilegium Ottonianum, em que as relações entre Roma e o Sacro Império se fortaleciam, os Estados Pontifícios se tornavam oficialmente posse romana (baseado nas doações de Pepino e Carlos Magno), além de estabelecer um rito canônico para a escolha dos próximos papas.
Rapidamente, João se virou contra Otto e estabeleceu limites violentos ao Imperador. Além de começar negociações com Adalberto, Beregarius e outros líderes italianos, que jurou nunca se associar, alinhou-se também Constantinopla e à Hungria, para entrar em guerra contra Otto, no entanto, o Imperador descobriu antes e tirou satisfação.
Com a rixa entre Otto e João, a nobreza de Roma se dividiu, e parte dela se voltou contra o Papa. Equipes diplomáticas foram enviadas tanto à corte de Otto quanto à Santa Sé, tentando resolver o briga. Numa segunda viagem a Roma, o sacro imperador renovou acordos com a nobreza romana que era sua aliada, conseguindo um juramento de que as próximas escolhas de papa passariam por seu crivo.
Diante dessa contenda, foi convocado um sínodo em São Pedro, onde João XII foi acusado de perjúrio, sacrilégio, simonia, incesto, assassinato e adultério, sendo chamado para se defender. Não reconhecendo o sínodo, o papa jurou a excomunhão de todos os participantes da reunião caso fosse destituído. Otto, então, o acusou de quebrar o juramento que havia entre eles e se associou a Adalberto de Tours.
Toda a confusão abriu espaço para que, em 4 de dezembro de 962, o sínodo em questão depusesse João XII e estabelecesse como papa Leão VIII, na época um leigo. Esse movimento desrespeitou diversos dogmas canônicos estabelecidos pela Santa Sé, o que fez com que a maioria da Europa considerasse a atitude inválida.
Chegou a ocorrer uma grande revolta por parte de legionários de João XII, mas que foi duramente reprimida pelo exército de Otto. Devido a pedidos de Leão, alguns dos revoltosos foram anistiados, o que fomentou um novo levante contra o imperador. Diante do mar de sangue, Leão fugiu de Roma e o vácuo institucional incentivou que João voltasse à cidade e se vingasse de diversos religionários de Otto, com castigos sangrentos e sádicos.
João foi entronado novamente papa e baixou novas ordenações que revogavam as decisões do sínodo de 962, além de excomungar todos os envolvidos, assim como o próprio Leão. Otto, revoltado, planejava voltar a Roma novamente, mas seus planos mudaram com a morte de João XII em 964. As más línguas afirmam que o antigo papa morreu de uma maneira tétrica:
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