Em plena Revolta Federalista, o estancieiro gaudério liderou as tropas em importantes batalhas, mas acabou sendo assassinado antes de uma batalha
Jânio de Oliveira Freime Publicado em 06/03/2020, às 12h00
Nascido em 13 de Janeiro de 1852, Gumercindo Saraiva foi um famoso estancieiro, cavaleiro, caudilho e comandante militar gaúcho e importante nome da Revolução Federalista. Ficou conhecido como Napoleão dos Pampas perante sua atuação ao lado dos maragatos pela autonomia da província gaudéria.
A Guerra em que Saraiva entrou para a História teve início com o Golpe de 1889, responsável pela instauração da República no Brasil e com a ascensão do governador Júlio de Castilho, correligionário daqueles que seriam conhecidos como ximangos, em 1892.
Seu governo, autoritário e centralista, provocou furor na oposição. Com a formação da dualidade entre maragatos (federalistas) e ximangos (ou pica-paus, castilhistas), a disputa entre centralismo e regionalismo desencadeou uma Guerra Civil no Rio Grande, estendendo-se para Santa Catarina e Paraná.
A inimizade entre Gumercindo Saraiva e Júlio de Castilhos já existia desde a formação da República, quando o Saraiva recusou o convite para chefiar o Partido Republicano no Rio Grande do Sul.
No entanto, mesmo não rompendo com o republicanismo, ele se fortaleceu como caudilho a favor da autonomia provincial e formou uma relevante motonera, que lhe rendeu o prestigio de grande líder militar.
Com o estouro das batalhas contra os pica-paus, em 1893, Saraiva se tornou um importante articulador militar, comandando os maragatos em movimentos muito próximos do que seria a guerrilha. Partindo do coração dos pampas gaúchos, o sonho federalista começou a expandir para o Norte.
Em novembro, as tropas do Napoleão-gaudério tomaram Santa Catarina e avançaram sobre o Paraná. Com o intuito de chegar em Curitiba, os rebeldes de Saraiva foram barrados no famoso Cerco da Lapa, quando, mesmo vitorioso, o lado federalista foi pesadamente prejudicado.
Com o tempo despendido em Lapa, o presidente e comandante do Exército – apoiador dos ximangos – Floriano Peixoto pôde fortalecer suas tropas e ordenar um avanço contra a revolta maragata.
Como consequência, Gumercindo Saraiva foi obrigado a recuar de volta ao Rio Grande, não mantendo soberania no Paraná. Com as tropas nacionais e as de São Paulo logo atrás, Saraiva perdeu rapidamente desterro e voltou às pampas que originaram a Guerra. Continuou resistindo.
Em 27 de Julho, Gumercindo Saraiva participou de sua última batalha contra os ximangos de Castilhos. Já tinha sido cooptado para comandar mais uma nova batalha, que ocorreu em 10 de agosto de 1894 em Carovi, e saiu a cavalo pela planura com o objetivo de reconhecer o terreno antes da luta. Nessa situação, foi encontrado por um castilhista de tocaia e foi baleado no peito, morrendo no local.
Dois dias depois de seu enterro, com novas derrotas maragatas, seu corpo foi desenterrado por tropas federais, que o decapitaram, como de costume. Depois, os ximangos colocaram a cabeça do militar numa caixa de sapatos e a levaram a Júlio de Castilhos.
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